Um Pombo Pousou no Galho Refletindo Sobre a Existência
Como eu tinha mencionado, depois de assistir “ A Uma História de Amor Sueca”, fui ver “O Pombo Pousou no Galho Refletindo sobre a Existência” novamente, ambos do mesmo diretor, Roy Anderson. Este filme parece feito sob medida para mim. É autêntico, original, divertido, leve e despretensioso. Mesmo que eu escrevesse a melhor resenha possível, não conseguiria transmitir a magia desta produção. O filme evoca a sensação teatral, com planos estáticos e longos, cada um assemelhando-se a uma paisagem, com tons neutros, pasteis e meio acinzentados, utilizando uma paleta de cores bem definida.
A narrativa se desenrola como esquetes de TV, contando a história de dois vendedores do ramo do entretenimento, Sam e Jonantam, que na verdade vendem artigos de diversão, com o objetivo de proporcionar diversão às pessoas. Ao oferecerem produtos como o dente de vampiro, saco de risadas e a máscara do Tio Banguela, eles visitam comércios, mas a figura apática e envelhecida deles contrasta visivelmente com seu objetivo de proporcionar diversão, gerando momentos cômicos.
Roy Anderson, diretor do filme, maquia todos os personagens de branco, criando a imagem de seres quase desprovidos de alma, com movimentação mecanizada. Todos executam suas tarefas de maneira robotizada. Ao tentarem vender seus produtos, Sam e Jonatam se deparam com situações surreais e absurdas, como a do cabeleireiro ex-comandante de um navio, a da idosa avarenta que imagina levar suas joias para o céu e a da professora de dança que assedia um aluno.
Há também o rei misógino e pederasta, prestes a uma campanha de batalha, mas que para numa taberna simples para beber agua. O momento mais perturbador é o sonho de Sam, onde ele é garçom em uma festa de pessoas “grã-finas” que se divertem vendo negros entrarem em uma caixa de lata aquecida por uma fogueira. O filme é considerado a parte final da trilogia “Como Ser um Ser Humano”, denunciando o absurdo da condição humana, a gratuidade de nossas ações e a apatia do ser vivo em sua existência diária.
A narrativa é uma sátira de situações diversas, muitas vezes absurdas, proporcionando uma reflexão profunda sobre a condição humana, solidão e a natureza efêmera da vida. A estética única de Andersson, com composições de quadros meticulosas, contribui para uma experiência cinematográfica única. A falta de jeito dos dois principais personagens, os vendedores Sam e Jonantam, e suas mal sucedidas tentativas de vender seus produtos, geram momentos muito cômicos, recomendando este filme para todos os amantes da sétima arte, principalmente para quem amo, para que ela possa me conhecer melhor, os meus gostos.