UMA HISTÓRIA DE AMOR SUECA

Esse filme sueco não está nem de longe na mesma qualidade cinematográfica do país de Ingmar Bergman. O diretor desse filme, Roy Anderson, dirigiu um dos melhores filmes que já vi na Mostra Internacional de  Cinema em São Paulo, que é “O Pombo Pousou no Galho Refletindo sobre Sua Existência”. Esse filme pode ser visto pelo Mubi, e se você dispõe dessa plataforma, sugiro urgentemente que assista a esse título.

 

Diferentemente do seu filme mais recente, “Uma História de Amor Sueca” é bem abaixo da crítica. Ele narra a história de amor entre dois adolescentes em um lugar idílico na Suécia. O filme começa em um dia de visita em uma espécie de clínica de idosos, e para quem conhece essas clínicas, sabe como essa data gera expectativa nos pacientes, quando finalmente podem ver seus familiares.

 

Um paciente vai receber a visita de seu neto Pär. Ele é um jovem de 15 anos, alegre, que trabalha na mecânica de seu pai e gosta de andar de motocicleta. Durante a visita ao seu avô, ele se depara com o que será seu par romântico em toda a trama, a adolescente Annika, que irá completar ainda 14 anos. Ela é uma espécie de Cristiane F. antes das drogas e tem uma tendência de usar saias muito pequenas para sua idade, eu acho.

 

Os dois ficam trocando olhares, mas nenhum dirige a palavra diretamente ao outro. Nos dias seguintes, Pär e seus amigos resolvem procurar a casa de Annika. Ela e suas amigas os recebem, mas mais friamente, pois estavam acompanhadas por outros jovens. No entanto, mesmo assim, isso não impediu que Pär conhecesse Annika melhor e os dois ficassem juntos.

 

Nos dias posteriores, eles combinam ir a uma espécie de balada. Annika fica esperando por ele cerca de uma hora, e como ele não aparece, decide dançar com outro. Quando Pär finalmente chega, ela dá de cara com ele e o ignora solenemente. Pär então vai embora triste e abatido. Nos outros dias, Annika revela para uma amiga seu arrependimento, que tudo o que queria era ter a companhia de Pär, mas ela estragou tudo.

 

Apesar disso, ela não abre mão de seu orgulho para ir falar com ele. Tampouco Pär abre mão do seu para ir falar com ela. Por que será que no amor há isso? O orgulho impedir que nós demonstremos nossos sentimentos. Eles se valem de amigos para intermediar a relação deles e dar o recado de que gostariam de dizer um para o outro, e os dois restabelecem o relacionamento.

 

A seguir, Annika até convida Pär para passar o dia em sua casa, com consentimento de seus pais durante a ausência destes, inclusive. Os dois passam o dia juntos. A relação deles é bem inocente, pueril, pudica, mas isso não os impede de passarem a sua primeira noite de amor juntos. E nesse dia, Pär conhece finalmente os pais de Annika. O pai dela indaga Pär quanto ao seu futuro, que ele não sabe responder.

 

O que me chama atenção também é como neste filme da década de 70 os adolescentes fumavam livremente. Hoje em dia, o cigarro é algo tão demodé que só serve para dar câncer e deixar os dentes amarelos, mas aqueles eram de fato outros tempos. Então, Pär e Annika vão tirar férias juntos da família do interior de Pär. Eles são bem recebidos, e vai haver uma festa de final do ano. Os pais de Annika vão chegar nos dias seguintes.

 

Primeiro chega a mãe de Annika e, posteriormente, o pai. O pai dela acaba bebendo bastante durante os festejos e é um tanto indelicado com os pais de Pär. No final da festa, eles combinam de pescar. O pai de Annika vai na frente e faz um monólogo de que não deseja que sua filha seja uma caipira como eles, que sua filha está destinada à riqueza. Que não precisará puxar o saco de ninguém assim como ele teve.

 

O pai de Annika acaba se perdendo do grupo de pesca. Todos o procuram desesperadamente. Quando todos já esperavam pelo pior, ele reaparece. Só quem não deu por sua falta foi justamente Pär e Annika, que estavam envoltos no amor que sentem um pelo outro. Eu achei esses dois personagens um tanto insípidos, monótonos e taciturnos. O que é interessante nos dois é a pureza de suas relações. O amor da juventude, que é uma fase boa para descobrir a paixão.

 

No mais, achei a película tão maçante quanto os personagens principais. E ele ocupou o lugar de pior filme que assisti pela plataforma Mubi, superando “A Camareira”. Pelo menos, ele me fez querer assistir novamente a “O Pombo Pousou no Galho Refletindo a Sua Existência”, obra-prima do mesmo diretor. Recomendo

Dave Le Dave II
Enviado por Dave Le Dave II em 31/01/2024
Reeditado em 31/01/2024
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