Sob o Sol de Toscana
"Sob o Sol da Toscana" é um filme que narra a jornada de Frances, interpretada por Diane Lane, uma escritora que, após um divórcio difícil, decide comprar uma villa na bela região da Toscana, na Itália.
O filme explora temas de autodescoberta, recomeço e a beleza transformadora da paisagem toscana. Com um toque poético, a narrativa destaca a capacidade de cura que pode surgir ao abraçar novas oportunidades e redescobrir o significado da vida. Uma jornada emocional que revela a força do espírito humano diante das adversidades.
Diane Lane [Frances]
[Uma parte de diálogos do filme… ]
Frances: O que estou fazendo aqui, nesta casa tão grande?! Não acha isso estranho?
Sabe o que é surpreendente no divórcio… (?)
O divórcio não mata como uma bala no coração um acidente de carro… Deveria.
Quando alguém que lhe jura ser fiel até que a morte os separe, diz “eu nunca te amei” … isso devia matar na hora.
Você não devia acordar dia após dia depois disso tentando entender como você não percebeu. A ficha não caiu, entende? Eu devia ter visto, - é claro, mas eu tinha medo de ver a verdade. E o medo nos torna idiotas.
Martini: Não é nada disso Senhora Mayes. "L'amore è cieco".
Frances: É, “o amor é cego”, temos esse provérbio também em nosso idioma
Martini: todo mundo tem esse provérbio porque é a mais pura verdade.
Frances: Não quero mais ser cega. Esta casa tem 3 quartos… e se nunca houver gente pra dormir neles?… Esta cozinha… e se eu nunca tiver pra quem cozinhar? Vai ver eu acordo no meio da noite pensando: sua idiota, é a mulher mais burra do mundo. Comprou uma casa para uma vida que você nem tem…
Martini: Porquê comprou, então?
Frances: Porque estou cansada de ter medo todo tempo e porque tenho meus sonhos. Eu quero um casamento nesta casa, - e quero uma família nesta casa…
Martini: Senhora, - entre a Itália e a Áustria há uma parte dos Alpes chamada Semmering, é uma região das montanhas muito íngreme e alta a assentaram trilhos nessa parte dos Alpes para ligar Viena a Veneza… Assentaram os trilhos mesmo antes que houvesse trem para percorrer o trajeto. Construíram porque sabiam que um dia o trem chegaria. [*]
Tramo ferroviário de Semmering
Há muitos anos, ao assistir o filme pela primeira vez, fiquei muito curioso por conhecer (ver imagens dessa ferrovia) e me deparei com a excelente crônica de Antônio de Oliveira”, que escreveu o belíssimo texto abaixo.
“ De Viena à Veneza são 420 quilômetros, Semmering está no meio do caminho, com suas montanhas quase intransponíveis e belas paisagens – uma estância turística. O tramo ferroviário de Semmering possui 41 quilômetros de longitude e foi declarado patrimônio da humanidade pela UNESCO, em 1998. De fato, era ousado desbravar esta região montanhosa. Aquele corretor sabia o que estava dizendo ou ele tinha boas razões para afirmar que não devemos nos preocupar com a vida e seus “porquês”; tenham sonhos e assentem os trilhos, o trem um dia vai chegar.
O universo conspira com nossos pensamentos, aspirações e ações; abrindo trincheiras, construindo pontes e caminhos. Chegará o dia em que iremos atravessar por eles e perceber que nada foi em vão, valeu ter lutado.
Perguntas sem respostas, distâncias percorridas, vidas doadas — tenhamos paciência e deixemo-nos seguir. Pode ser que tudo mude no meio do caminho, mas haverá sempre uma vida a nos esperar. Apontemos o horizonte como uma seta; conheçamos bem a região, as matas e as montanhas que iremos desbravar; carreguemos chulipas nos ombros e as assentemos; depois sobre elas, os trilhos — bem fixos. Um dia chegará a hora de o trem passar.”.
[Antônio de Oliveira / arquiteto e urbanista / junho de 2011.]
Link para a Crônica:
http://anttoniocronica.blogspot.com/2011/07/hora-de-o-trem-passar.html?m=1
Ainda lendo a crônica de Antônio de Oliveira, li uma bela expressão “Quem Constrói Trilhos Sabe da Existência dos Trens”. Descobri que uma escritora deste RL escreveu sobre essa expressão e sobre o filme: Patrícia Pinheiro.
Link para a crônica dela:
https://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/5521129
***
Meu rascunho de: 13/01/24.
Pesquisa: Júlio César Fernandes