Garota Interrompida

Essa temática de uma pessoa que é subitamente arrancada do conforto de sua casa para ser levada a uma instituição de correção do homem me é bastante emotiva. No entanto, não entendi por que o filme é classificado como aclamado pela crítica no Netflix, pois achei-o bem meia boca. O filme narra a história da personagem Susana, internada numa clínica psiquiátrica na década de 60 após ingerir analgésicos com vodka, sob a alegação de suicídio. Ela alegou estar apenas com dor de cabeça, mas foi diagnosticada com síndrome da personalidade borderline.

 

A trama mostra o envolvimento de Susana com outros pacientes da clínica, pessoas estranhas e esquisitas, todos com problemas psiquiátricos. Um desses pacientes é interpretado por Angelina Jolie, que entrega uma atuação caricata e extravagante, denunciando sua baixa qualidade como atriz. Ela representa uma espécie de líder da "gangue dos loucos" da instituição. Parece que esses filmes sobre psiquiatria são todos iguais, neles, todos os pacientes dão um jeito de burlar as regras e roubar seus diagnósticos, assim como em “O Bicho de Sete Cabeças”. E “Garota Interrompida” utiliza desse mesmo chavão.

 

Um ponto positivo é a trilha sonora com Wilco e a relação que Susana desenvolve com um funcionário da clínica. A atuação de Wimona Ryder é bem convincente também. Além disso, destaco a cena em que a enfermeira negra comenta sobre o luxo do local em que estão internadas, comparando-o a um spa em comparação com outras instituições do mesmo tipo: Camas com só duas pessoas, sala de lazer, diversas atividades, refeições vultosas. É um spa, em comparação com outras clínicas existentes por aí.

 

No entanto, o filme ganha certo apelo quando Susanna e Lisa fogem da clínica, tornando-se uma espécie de "Thelma & Louise". Elas procuram uma ex-paciente, Daisy, que as acolhe em sua casa. No entanto, Lisa faz comentários ácidos sobre Daisy, levando-a ao seu suicídio.

 

O filme acerta ao evidenciar como a personalidade autodestrutiva de Lisa prejudica todos ao seu redor, sem empatia pelos outros. No final, Lisa foge novamente, Susanna volta para a clínica com o pai de Daisy e aceita o tratamento. Lisa é recapturada, Susanna recebe alta médica, mas no último dia, Lisa rouba seu caderno, lê seus julgamentos para as pacientes, causando um mal-estar.

No final, Susanna tenta fugir das recriminações de suas colegas, e Lisa vai atrás dizendo algumas verdades. Então, Susanna acaba respondendo que Lisa já está morta por dentro; se ela morrer, ninguém sentirá a falta dela. É o ponto mais alto do longa-metragem.

 

O filme termina com Susanna finalmente voltando para casa. Em seu registro de alta consta: "Borderline curada". Apesar de mostrar as nuances das personalidades de Lisa e Susanna, considero "Garota Interrompida" abaixo da crítica. Escrevi sobre ele apenas para justificar o investimento em minha assinatura no Recanto das Letras.

Dave Le Dave II
Enviado por Dave Le Dave II em 05/01/2024
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