Druk: Mais Uma Rodada e suas implicações filosóficas

Embora inferior ao filme mais aclamado de Thomas Vinterberg, "A Caça", "Drunk: Mais Uma Rodada" conta com um roteiro muito original e explora ideias interessantes. O filme narra a tentativa de quatro professores do ensino médio, com a vida meio estagnada, de testar uma tese de um psicólogo dinamarquês. Segundo essa teoria, o ser humano tem um déficit de 0,05 de álcool no organismo, e se ingerir essa quantidade diariamente, encontrará um maior equilíbrio, sentindo-se mais confiante, sociável e determinado. Os quatro decidem ingerir essa quantia todos os dias e escrever uma tese científica sobre os benefícios psicológicos, sociais e profissionais dessa resolução. Os resultados iniciais são incríveis, elevando a qualidade de vida dos participantes, mas a longo prazo, sugiro que assistam ao filme para verificar o desfecho. A ideia por trás do filme resulta em conceitos filosóficos abrangentes. Apesar de não gostar de beber pelo sabor do álcool, bebo socialmente para não estragar o ambiente.

Embora eu, numa ocasião, numa festa da empresa, tenha dado vexame e bebido ao ponto de não lembrar, o que como consequência fez com que eu perdesse uma oportunidade de viajar para Hong Kong. Mas também acho bem chato as pessoas que não bebem nada, como meu irmão, que jamais ingeriu uma gota de álcool nos seus 40 anos de existência.

No entanto, reconheço que beber na dose certa pode ser benéfico, elevando confiança e autoestima, como tentaram demonstrar no filme. Há estudos que comprovam que tomar vinho faz bem para a saúde. Conheço pessoas no mercado financeiro que usam entorpecentes como um doping de rendimento, mas há uma linha tênue entre ganhar rendimento e a dependência destrutiva. Isso se relaciona com a ideia de vontade de potência de Nietzsche e potência de agir de Espinosa. O filme explora a hipótese de que o consumo moderado de álcool e entorpecentes pode elevar nossa energia, nossa potência de agir, mas seu excesso pode diminuí-la ou até ser fatal. Outra consequência se relaciona com o conceito de homens extraordinários e ordinários, desenvolvido por Raskolnikov em "Crime e Castigo". Homens capazes de consumir álcool de forma benéfica são extraordinários, enquanto aqueles que sucumbem ao vício são ordinários. A película aborda também que grandes homens como Winston Churchill e Roosevelt faziam consumo excessivo de álcool. Por outro lado, o álcool em determinada medida ajudou na criação artística de Hemingway, mas seu abuso resultou em seu suicídio.

O filme coloca diversas reflexões, tornando-se uma obra original de Thomas Vinterberg, merecedora do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2021. Recomendo a todos os amantes da sétima arte.

Dave Le Dave II
Enviado por Dave Le Dave II em 04/01/2024
Reeditado em 03/02/2024
Código do texto: T7968494
Classificação de conteúdo: seguro