Journey to the Center of Time - direção: David L. Hewit.
Este é um dos space-ópera - esta é para os nerdes das antigas - aos quais assisti, no original, em inglês, com legendas também em inglês, após decidir-me a me dedicar a aprender a língua de Nathanael Hawthorne, aventura que estou a empreender com muito agrado, enfrentando adversidades sem fim, que me exaurem as forças a ponto de me desfalecer. Não sejamos melodramáticos.
Conta a película americana a história de um grupo de físicos do Instituto de Pesquisa Temporal: doutor Gordon (Abraham Sofaer), Mark Manning (Anthony Eisley), Karen White (Gigi Perreau), Dave (Andy Davis), Susan (Tracy Olsen) e Mr. Denning (Austin Green). Financia a pesquisa Stanton (Scott Brady).
Promove o grupo de cientistas algumas interessantes, fascinantes, descobertas acerca da interferência humana no tecido do contínuo do espaço-tempo ao usar feixes de lasers amplificados por emissão de radiação.
Todos conhecemos, presumo, histórias de viagem através do tempo. Ninguém desconhece a mais famosa delas - não sei se é a primeira que algum bípede implume escreveu -, a de Herbert George Wells, história que, numa transmissão radiofônica, na voz de Orson Welles, aterrorizou meio mundo e pôs de cabelos em pé a outra metade, história, esta, que é conhecida por milhões de pessoas que jamais usufruíram do prazer de ler A Máquina do Tempo. [Nota: Miguel Carqueija chamou-me a atenção para um engano meu: Orson Welles fez uma transmissão radiofônica de Guerra dos Mundos, e não de A Máquina do Tempo]. E quem nunca assistiu ao De Volta para o Futuro, e não se entreteve com os três filmes que compõem esta fantástica série de longa-metragens, e não se surpreendeu com as peripécias intertemporais de Marty McFly e do doutor Emmett Brown a bordo de um DMC DeLorean, a máquina do tempo de todas a mais conhecida aqui, na Terra, e em outras terras?! E nos gibis, nas histórias em quadrinhos de super-heróis, viagens através do tempo é uma constante - e uma delas é clássica: Dias de Um Futuro Esquecido.
Viagem através do tempo é um sonho que os humanos, por infinitas razões, perseguem. Oxalá um dia alguém invente um dispositivo, seja um carro, seja um telefone público, seja um relógio, seja um implante dentário, que permita aos humanos romperem as leis físicas do transcurso linear do tempo - e de brinde lhes permita empreender viagens interdimensionais.
Do mundo onírico para o filme em questão: durante pesquisas a envolverem um fenômeno tão sutil, e sofisticado, e complexo, ou simplesmente simples, o tempo - que ocupou um bom tempo da vida de Santo Agostinho (que se dedicou a elucubrar acerca dos ingredientes dele) e que promove, nos círculos seletos de astrofísicos, celeumas acaloradas, e entre os filósofos, recontros irracionais - é alta a probabilidade de ocorrer tragédias. E se tragédias podem ocorrer, ocorrem, fatalmente ocorrem - disse um filósofo. E a tragédia ocorreu. O futuro, este desconhecido, é imprevisível.
No Instituto de Pesquisa Temporal, surpreendendo os cientistas, o laboratório em cujo interior as pesquisas são realizadas viaja através do tempo. Ora, e não era este o objetivo da pesquisa?! Não. Era, dela, o escopo captar imagens de outros tempos, e transmiti-las para um monitor, e não deslocar fisicamente o laboratório. A viagem física do laboratório através do tempo, fenômeno imprevisto, e indesejado, aterrorizou os cientistas e o doutor Stanton. E foram o doutor Gordon, Mark Manning, Karen White e Stanton, primeiro, parar no ano 6968, cinco mil anos no futuro, e, depois, no passado, o passado de há um milhão de anos. E nestes dois momentos, viveram experiências inéditas, terríveis.
O filme é pobre de recursos - contém episódios gritantemente sem sentido.
Os cientistas afetaram tanto e tão significativamente a estrutura do espaço-tempo, que lhe abriram outra linha temporal.
Para os amantes de sci-fi, o filme, com todas as suas falhas, que não são poucas, tem os seus atrativos; às outras pessoas, não o recomendo.