Um documentário sobre o nazismo

 

UM DOCUMENTÁRIO SOBRE O NAZISMO

Miguel Carqueija

 

Resenha do documentário “Mein kampf” (Minha luta). Columbia Pictures, Kit Parker Films, Suécia, 1961. Produção: Tore Sjoberg. Direção: Erwin Leiser. Narração: Claude Stephenson. Duração: 117 minutos. Em preto-e-branco.

 

Documentários sobre guerras e ideologias perversas são sempre tristes, mas valem pela informação histórica que contribui para a melhor compreensão do fenômeno. O nazismo, que gira em torno da sinistra pessoa de Hitler, foi especialmente violento e sectário, sendo comparável ao comunismo. Aliás, por dois anos Hitler e Stalin – dois monstros – foram aliados.

Este documentário editado em 1961 somente com imagens originais da ascensão e queda de Hitler e seus aliados, a meu ver não deveria se intitular “Mein kampf” (Minha luta) por ser este o título do livro doutrinal de Hitler; fica parecendo ser o filme propaganda nazista quando é, na verdade, um libelo contra o nazismo. Pois o filme questiona como foi possível deixar aquilo tudo isso acontecer, e ainda, que nunca mais poderia acontecer.

Crueldades semelhantes ao nazismo, todavia, continuaram ocorrendo pelo mundo, como se vê no genocídio do Camboja, comandado por Pol Pot, para só citar um exemplo.

Desfilam nesta película inúmeras personalidades da época: Mussolini, Churchill, Franco, Goering, Goebbels, Himler, Rudolf Hess, Hindenburg, Roosevelt, Hans Frank, Eichman.

Personalidades femininas estão ausentes. Ao focalizar a invasão da Polônia o documentário é omisso em mostrar que a Rússia invadiu pelo leste, pois na época ela era aliada da Alemanha. Também não falam na morte de Mussolini; tampouco se referem a De Gaulle, ao Marechal Pètain, Laval e ao Papa Pio XII.

Mostram a maneira insidiosa como os nazistas, primeiramente fazendo coalizão com o Marechal Hindenburg (já bastante idoso e que morreu em pouco tempo), estabeleceram o terror, silenciando a oposição. Com a morte de Hindenburg, respeitado até pelos nazistas por ser um herói da Primeira Guerra, Hitler acumulou os dois cargos e se tornou definitivamente ditador, o Fuehrer.

A perseguição aos judeus, a terrível vida no Gueto de Varsóvia, o campo de concentração e a hecatombe, o holocausto de hebreus e ciganos, as câmaras de gás, tudo isso é relembrado com imagens até chocantes. Entretanto não há referência às bombas-foguete V-1 e V-2.

No cômputo geral, um documento importante e que, apesar de algumas falhas (dificilmente poderiam deixar de esquecer alguma coisa, o tema é vasto), merece ser assistido. É pungente e esclarecedor.

 

Rio de Janeiro, 25 de março de 2023.