Tom e Jerry: o filme

 

TOM E JERRY: O FILME

Miguel Carqueija

 

Pelo que se sabe de “Tom and Jerry, the movie”, a franquia, criada em 1940 na Metro, por William Hanna (1910-2001) e Joseph Barbera (1911-2006), encontrava-se desativada desde 1967. Eu, em criança, assisti os famosos “Festivais Tom e Jerry”, eram clássicos e populares. Mas o tempo e as coisas passam. Então a Metro foi comprada por Ted Turner e um belo dia Joseph Barbera sugeriu a ele que trouxesse a dupla gato e rato de volta, agora em longa-metragem, como se tornou moda com personagens de quadrinhos e desenhos. Turner concordou, desde que os dois falassem. Daí a cena significativa em que se apresentam a Puggsy e ambos ficam admirados e dizem um ao outro: “Você fala?”

A piada do gato e do rato que passam por inimigos mas no fundo são amigos, de tanto viverem perto um do outro, perpassa todo o filme e leva à cena final. Mas desta vez, além do pastelão habitual (que aqui chega ao clímax na cena da batalha com o cachorro Ferdinand), foi preciso criar um drama: e Tom e Jerry, deixados para trás na cena da mudança da dona de Tom, acabam fazendo amizade com a menina Robyn Starling, órfã de mãe, com o pai desaparecido, e que fugiu de casa, já que sua tutora, Pristine, mancomunada com o advogado do pai de Robyn, Lickboot, quer se apossar do dinheiro da herança.

 

A trama é cheia de furos e com cenas de evidente mau gosto, como a sequência dos gatos do beco que cantam uma apologia à cafajestice. A batalha com o cachorro do “skate” — Ferdinand, gordo e guloso — também é exagerada e de mau gosto.

Apesar disso dá para acompanhar as peripécias onde entram um veterinário hipócrita e perverso com seus dois cúmplices, e um suposto capitão que na verdade fazia um “show” com um boneco de ventriloquia. Esse boneco, tipo papagaio, parece vivo, com personalidade; uma forçassão de barra.

Quando Tom e Jerry descobrem que o pai de Robyn, desaparecido no Tibet, estava vivo e avisam a menina, esta resolve fugir de casa mais uma vez. E como a tutora, instigada pelo advogado trapaceiro, anuncia uma recompensa fictícia de um milhão de dólares por quem trouxesse a menina, inicia-se uma grande perseguição com lances interessantes. O veterinário, seus dois ex-ajudantes, mais o homem do boneco, todos perseguindo Robyn, além de Pristine e Lickboot.

Aliás há quem ache que Robyn roubou a cena de Tom e Jerry.

Um filme razoável para crianças (menos a cena dos gatos do beco, muito assustadora) e eu fiquei pensando: que fim levou o Espeto? Sim o ratinho companheiro de Jerry. Ele pouco apareceu nos desenhos mas estava sempre nos quadrinhos que saíam no Brasil, na década de 1950, na revista “Papai Noel”, da EBAL, creio que durou até o início da década de 1960.

 

Rio de Janeiro, 1º de março de 2023.

 

 

APÊNDICE

FICHA TÉCNICA

 

“Tom e Jerry, the movie” (Tom e Jerry, o filme) – Turner Entertainment, WMG, Film Romain, Estados Unidos/Alemanha, 1992. Roteiro: Dennis Marks. Música: Henry Mancini. Canções: Leslie Bricusse. Produção executiva: Roger Mayer, Jack Petrik, Hans Brockmann e Justin Ackerman. Consultor criativo: Joseph Barbera. Produção e direção: Phil Roman. Co-produtor: Bill Schultz.

Elenco original de dublagem:

Tom.........................................Richard Kind

Jerry........................................Dana Hill

Robyn Starling..........................Anndi Mc Afee

Pristine Figg..............................Charlotte Rae

Lickboot....................................Tony Jay

Droopy......................................Don Messick

Capitão Kiddie...........................Rip Taylor

Dr. Applecheek..........................Henry Gibson

Ferdinand...................................Michael Bell

Puggsy e o pai de Robyn............Ed Gilbert

Squawk (boneco).......................Howard Morris