Remakes vs Originais
1- Violência Gratuita (1997, 2007): Esse é um caso bem específico, pois ambos os filmes são dirigidos pelo mesmo diretor, sendo algo que ocorre quando um diretor não ficou satisfeito com a primeira versão e resolve fazer um remake para melhorar o seu filme, mas isso não ocorre no caso desses dois filme de Michael Haneke já que os dois são idênticos, quase plano por plano, e são excepcionais, o que fica impossível definir qual o melhor. As diferenças são mínimas: O primeiro é falado em alemão e o segundo em inglês, a raça dos cachorros e uma pequena frase de um dos vilões. Fora isso, até o figurino e o tempo de filme são iguais. Todos os atores das duas versões apresentam interpretações primorosas e a tensão permanece em ambos. Eu vejo a existência desse remake como uma crítica ainda mais reforçada do que Haneke abordou nessa história perturbadora. Conclusão: Dois filmes espetaculares, veja os dois (Talvez em seguida, se você aguentar o desgraçamento).
2- A noite dos mortos vivos (1968, 1990): Esse é mais um caso em que ambos os filmes são bem parecidos com poucas mudanças e é impossível separá-los. O motivo para o remake foi o baixo orçamento do original, assim o Tom Savini (Diretor do filme de 1990 e maquiador) deu uma melhorada nos efeitos especiais que não eram tão bons do filme de George Romero. A personagem Bárbara, que no original passava o tempo inteiro gritando e sem fazer muita coisa, logo se torna uma personagem mais ativa e muito presente na narrativa. Além disso, o final também é diferente e com um tom bem diferente em comparação ao original e por isso é interessante que você veja um atrás do outro. Conclusão: Ambos sensacionais. Veja os dois.
3- Despertar dos mortos e Madrugada dos mortos (1978, 2004): Ao contrário do seu antecessor, o remake feito por Zack Snyder trouxe mais mudanças, sendo a principal em relação aos zumbis, que se tornaram mais rápidos, como é mais comum nos filmes atuais do gênero, os tornando assim mais ameaçadores. O filme também é mais eletrizante quando se compara com o filme de Romero. O remake também mudou completamente os personagens, porém o principal defeito desse filme é o excesso de personagens que não apresentam o desenvolvimento necessário e suas mortes se tornam descartáveis demais, o que não acontece no original, pois temos apenas quatro personagens e com a duração de mais de duas horas faz com que nos apegamos mais à eles nesse cenário apocalíptico. Conclusão: O original é melhor, mas vale a pena ver o remake.
4- O beijo no asfalto (1981, 2018): As adaptações de Nelson Rodrigues quase sempre são bem aclamadas, o que não é diferente com esse caso. Ambos os filmes apresentam interpretações incríveis e mantém praticamente o mesmo texto, sendo alguns dos melhores filmes nacionais de todos os tempos. O primeiro apresenta uma abordagem mais tradicional de narrativa cinematográfica, com uma das cenas mais tensas que eu já vi. O remake foi dirigido por Murilo Benício, que surpreendeu muito com o seu primeiro filme que trouxe um fator muito interessante e diferente que foi a presença da metalinguagem, onde vemos os próprios atores ensaiando as cenas do filme, a forte presença do teatro e uma edição muito fluída que faz a transição dessas cenas de uma forma muito dinâmica. Além de uma fotografia preto e branco belíssima. Conclusão: Filmes imperdíveis que vão ficar com você por um tempo. Veja os dois.
5- Scarface (1932, 1983): Esse é um dos exemplos em que o remake se tornou muito mais famoso do que o original. O filme de Howard Hawks que se passa em Chicago durante a época da lei seca teve muitas polêmicas na época de seu lançamento pela sua violência excessiva e pela exaltação do seu protagonista, o que quando se é visto dos dias de hoje, não causaria muito alvoroço. Isso já não acontece com o filme de Brian de Palma que mesmo após quase quarenta anos ainda apresenta uma extrema violência que choca muito mais do que o original. Além de apresentar uma atuação caótica e inesquecível de Al Pacino, o filme mudou o seu cenário para Miami e o tráfico de cocaína e trouxe uma das frases mais icônicas da história do cinema. Conclusão: Para os cinéfilos fervorosos, vejam os dois, mas pessoalmente, prefiro muito mais o remake.
6- Nosferatu (1922, 1979): Não é nada surpreendente que mais uma vez esses dois filmes estão sendo mencionados de novo, mas é impossível não colocá-los nessa lista. O filme de Murnau é um dos primórdios do cinema de horror e um dos filmes mais influentes de todos os tempos, que ainda causa arrepios até os dias de hoje. Por isso, quando Werner Herzog decidiu fazer um remake desse grande clássico do cinema foi um enorme risco, mas Herzog não teve medo de fazer tantas mudanças e com um final completamente diferente. Ambos os Nosferatus são memoráveis, mesmo com tons diferentes de como eles foram escritos. Conclusão: Duas obras primas. Vejam os dois.
7- Suspiria (1977, 2018): Esse vai ser um momento polêmico, pois eu não gostei do original dirigido por Dario Argento, considerado um dos maiores diretores, não só do cinema italiano e do cinema de horror, mas de todos os tempos. Esse é considerado por muitos como a sua obra prima e apresenta toda a estética e características de um filme Giallo, o que pode agradar à muitas pessoas. Porém, o remake de Luca Guadagnino teve um maior impacto em mim e também se encaixa na categoria do remake que se diferencia completamente. Com duas horas e meia de duração, o remake apresenta uma narrativa mais lenta, uma fotografia nada colorida como a do original e um maior enfoque no fator da dança, o qual é usado na forma de fazer o terror. Conclusão: Você provavelmente vai amar mais um do que o outro, então vejam os dois.
8- Robocop (1987, 2014): Eu assisti o remake primeiro quando lançou no cinema e eu lembro que fiquei muito entusiasmada com as cenas de ação frenéticas e que o visual do Robocop era muito cool. Mas isso é tudo que eu lembro sobre o filme de José Padilha e depois de algum tempo eu acabei esquecendo completamente de que eu havia assistido esse filme. Então quando eu fui assistir ao clássico de Paul Verhoeven foi uma experiência muito mais marcante do que eu pensei que seria. É um dos melhores filmes de ficção científica do cinema com uma crítica social que é feita de uma forma muito melhor do que o que foi feito no remake. Além de ter um ritmo muito ágil. Conclusão: O original é muito melhor do que o remake e tem um motivo por ele ser um grande clássico.
9- Deixe ela entrar e Deixe-me entrar (2008, 2010): Já falei do original sueco na lista dos melhores filmes de vampiros de todos os tempos e esse foi mais um caso em que assisti o remake primeiro. Apesar de que quase sempre os americanos costumam fazer refilmagens que não chegam aos pés do original, achei o remake apenas legal e depois de um tempo acabei esquecendo que ele existia, até que finalmente consegui assistir ao original. Minha reação foi totalmente diferente e foi um caso em que percebi que mesmo o remake sendo fiel à história, ele não apresenta a atmosfera fria e até um certo "charme" que nos faz ficar interessados e impactados pelo o que estamos vendo. Além de que a caracterização da personagem Eli como uma pessoa não binária se encaixa muito mais para a história. Conclusão: O original é melhor do que o remake, e mais marcante também.
10- Sabrina (1954, 1995): O clássico de Billy Wilder é facilmente considerado como uma das melhores comédias românticas de todos os tempos e representa aquele glamour e estilo da Era de Ouro de Hollywood que é difícil de se reproduzir. Por isso, eu me surpreendi quando descobri a existência de um remake dirigido por Sydney Pollack e apesar de uma certa resistência no começo, resolvi dar uma chance para o filme. Apesar da história ainda prender a sua atenção no remake, o roteiro apresenta poucas mudanças e as tentativas de humor não chegam aos pés dos momentos engraçados no original. Julia Ormond está longe de ser a Audrey Hepburn e a mudança de personalidade da protagonista é notável, o que causa uma queda significativa do remake, que acabou caindo no clichê da garota desengonçada que passa por um glow-up. Além do original também contar com um figurino deslumbrante criado por Edith Head. Conclusão: O remake é um excelente filme, mas não apresenta o charme do original e está longe de ser um clássico.