The Whale
O filme conta a história de Charlie, que após a perda de seu namorado, entra em uma compulsão alimentar e que agora está em constante conflito interno, até que recebe a visita de sua filha.
O longa é dirigido por Darren Aronosfsky, que tem uma visão bem detalhista e sabe fazer estudos de personagem como ninguém, não é atoa que em algumas partes do filme, eu lembrei de filmes como Requiém for a Dream (2000) e Cisne Negro (2011), porque além é claro de fazer parte da filmografia do diretor, são obras que expõe os limites de seus personagens, aqui não ia ser diferente. Há várias cenas de diálogos, entra e sai de personagens, tal como a peça em que foi inspirada, da a sensação de que o apartamento é uma cela e que Charlie é quem fica recebendo as visitas até sua sentença.
Brendan Fraser não poderia ter escolhido outro papel para sua grande volta a Hollywood, ele da a vida a Charlie que é esperançoso, mas que ao mesmo tempo sabe de seu destino, ele extrai toda a insegurança de uma pessoa acima do peso e que seria incapaz de fazer mal a uma alma viva. Também tem um background muito bem trabalhado, suas memórias sendo narradas por ele mesmo são muito criveis, seu olhar distante e melancólico dão um aperto no peito, chegando em certa parte do longa, só queria que o Charlie partisse logo pro seu sofrimento acabasse. Liz interpretada por Hong Chau, parece as vezes partilhar do mesmo pensamento, ao mesmo tempo que se pudesse daria a vida pelo amigo. Ela carrega tanta dor e ao mesmo tempo tenta fazer Charlie sentir um gostinho da vida mesmo com as esperanças quase inexistente. Excelente atriz. Sadie Sink, que faz a filha, não é nada além de uma Max de Stranger Things com mais rebeldia, não é a interpretação dela que me fez chorar no final do filme e sim o passado da personagem, me fez entender todo o ódio que ela sentia pelo pai ou qualquer figura de autoridade.
O roteiro é bem detalhista. Vi por aí que compararam com um quebra-cabeças, eu concordo, mas não de inicio, só percebi na hora que o jogo já estava montado. Na resolução de tudo é que eu pensei "uow", sim "uow". É bem triste as pessoas sentirem repulsa do Charlie e ver as pessoas que participaram de sua vida ver ele daquele jeito. Tem o desenvolvimento do relacionamento do Charlie, causa principal de sua condição, é bem profundo e tem uma pegada de religiosidade, uma crítica a religião muito boa. Tem o paralelo com o ensaio sobre Moby Dick, por isso o nome do filme. O capitão tentando matar a baleia pra que por um momento tenha paz na história, bem condizente com a vida de Charlie, que por exemplo, não consegue dar uma risada sem passar mal.
The Whale é um filme sensível, é um drama meio amargo que de vez em quando da uma adocicada com a esperança ainda presente nos personagens. As indicações ao Oscar, ao contrário de que eu julguei, são bem merecidas, achei que o filme apelasse no drama só pra concorrer, mas é uma história sim que merecia ser contada do jeito lindo que foi.