Benjamin Franklin em desenho animado

 

BENJAMIN FRANKLIN EM DESENHO ANIMADO

Miguel Carqueija

 

Resenha do desenho de média-metragem “Ben e eu” (Men and me). Walt Disney Productions, EUA, 1953. Produção: Walt Disney. História original de Robert Lawson. Argumento: Bill Peet, Wiston Hibler, Del Connell, Ted Sears. Narração: Sterling Holloway. Animação: Wolfgang Reitherman, John Lounsbery, Cliff Nordberg, Marvin Woodward, Hugh Fraser, Eric Cleworth, Ollie Johnston, Hal King, Les Clark, Don Lusk, Harvey Toombs, Jerry Hatchcock. Efeitos especiais: George Rowley. Direção: Hamilton Luske. Música: Oliver Wallace. Direção de animação: Ken Anderson e Claude Coats. Em Technicolor.

 

“Ben e eu” é uma fugidia lembrança da minha infância tenra. Sem entender grande coisa eu assisti essa película de Walt Disney em média-metragem em algum cinema do Rio de Janeiro (na Praça Saens Peña, onde existiam muitos), já não lembro quem da família me levou. E também não sei qual era o filme de longa-metragem; talvez “A dama e o vagabundo”. Claro, “Ben e eu” era o complemento.

Reassistir em DVD é uma bênção.

 

A história é uma deliciosa fantasia a respeito de Benjamin Franklin, jornalista, gráfico e inventor norte-americano, e figura proeminente no movimento de independência dos Estados Unidos. É o inventor do pára-raios.

Walt Disney sempre se interessou pelos aspectos heroicos da história norte-americana e a figura de B.F. facilmente atrairia sua atenção. Contar sua saga em animação é um achado, ainda mais com a introdução de um personagem inusitado, o ratinho Amos, que parece ser o mesmo Zezé (nome com que é conhecido no Brasil) de “Cinderela”, que saíra três anos antes.

Amos é um pobre rato de sacristia, o mais velho de 26 irmãos (afinal, são ratos) e até se queixa de serem eles “uma raça oprimida”. Era por volta de 1745. Ele fala e se veste como um homenzinho, com trajes da época, inclusive chapéu. Amos se retira da sacristia, de uma igreja em Filadelfia, à procura de um emprego para ajudar a grande família. Acaba se empregando na casa do jornalista e encadernador Benjamin Francklin, que, sozinho, encontrava-se em difícil situação financeira e editando um jornal sem prestígio.

Amos torna-se uma espécie de anjo da guarda de Benjamin, orientando tudo o que ele faz, resolvendo para ele todos os problemas e até caçando as notícias para o jornal. B.F. passa a prosperar, torna-se um importante cidadão da Pensylvania. Tudo corre bem entre eles até o dia infeliz em que Benjamin Franklin resolve fazer experiências com eletricidade e convence Amos a voar numa pipa e descrever a vista como “o primeiro repórter voador do mundo”. Porém maldosamente Benjamin havia colocado uma vara metálica na parte de cima do papagaio para experimentar como pára-raios. Infelizmente, numa sequência dramática, o próprio ratinho é atingido pelas faíscas elétricas e o aparelho é levado pelo vento, pois o tempo mudou em tempestade. Escapando por pouco de morrer, Amos rompe com Benjamin e retorna para a sua família.

Mas as circunstâncias da luta pela liberdade dos Estados Unidos reaproximará os dois.

Uma das sequências antológicas é a edição do jornal por um processo do século 18 e o rato se esforçando ao máximo para ajudar com as folhas de papel e os tipos, em cenas de grande movimentação.

O autor da história original chama-se Robert Lawson. Disney sempre teve faro para localizar contos e romances compatíveis com a sua visão humanista e cristã da existência.

“Ben and me” é uma obra-prima.

 

Rio de Janeiro, 9 de outubro de 2022.