SOBRE "OS SEGREDOS DE DUMBLEDORE"

Eu, a princípio, pensei em fazer uma resenha, algo mais tecnicamente informativo sobre as belezas do último lançamento cinematográfico, esse que acaba de estrear via "streaming", relativo à consagrada saga dos bruxinhos da dinastia de HARRY POTTER.

No entanto , a medida que assistia a trama do filme, cada vez mais surpreendida com o que ali é colocado, julguei impossível escrever algo hermético , sem colocar minha opinião de simples espectadora, a de quem apenas assiste na tela O PRÓPRIO MUNDO NO ALHEIO MUNDO FANTÁSTICO.

Numa antítese de tela , eis um filme sobre os mecanismos de hoje em dia.

Para os que desconhecem algumas realidades bem próximas de nós, talvez eu não consiga expressar minha perplexidade quanto ao roteiro da obra. Fiquei estupefata com os ensinamentos do que já se sabe.

Todavia, para os que conhecem ao menos as entranhas da História contemporânea vivida por aqui, algo bem distraídos na tela só aparentemente simplória, até poderiam acreditar que ali se tratava dum roteiro encomendado e fornecido a dedos, pelos "protagonistas" quem sabe fazer "in loco" cenas macabras, cujos direitos intelectuais seriam creditados ao nosso chão castigado em tudo.

Mas não!

Não se trata apenas duma filmagem mágica de alto padrão, de fotografia impecável, de delicada poesia; ou quiçá duma obra mais dirigida à infância, cheia de bichinhos e plantinhas fantásticos que saltam dos colarinhos brancos aos colarinhos mágicos ; tampouco se trata só de seres viventes numa malinha mágica e que ganham efeitos especiais dentre bruxinhas, magos professores, magos aprendizes, sombras do mal, trouxas obliviados da realidade já vivida, ou de muita inteligência manipuladora das cenas da vida.

Obviamente que ali, entre metáforas e flagrantes simbolismos do cotidiano, se trata de MUITO MAIS!

O filme, a mim, se descortina como uma fábula dessas que mandam a "moral da história" a tantas histórias amorais.

Trata-se de grandes mensagens humanísticas que fazem parte da Humanidade sem rumo, desde sempre, mas que nos dias de hoje tomam proporções avassaladoras pelo Planeta Terra.

Mensagens como "tempos perigosos favorecem homens perigosos", "faça o que é certo não o que é fácil", "dias históricos parecem comuns quando os estamos vivendo",; enfim, citações que realmente ilustram nossas observações da vida e nossas ânsias e dores de seres humanos fustigados pelos tempos.

Sim, eu costumo sentir que só há como se saber o âmago da verdade Histórica vivendo a História em TEMPO REAL.

E nessa tela se vive a surrealidade da História de sempre, sem maquiagens nem devaneios, a despeito da realidade fantástica.

O que seria mais surreal do que a nossa realidade de cidadãos do mundo?

Os livros de História, muitas vezes, se prestam a interpretações que servem a um "senhor".

Exatamente como são os episódios da vida em sociedade, hoje globalizada.

Passa o tempo e a História é reescrita ao gosto do freguês do Poder momentâneo.

Já a arte, nunca tem vendas!

E ratifico: fiquei incrivelmente impressionada com a coincidência de cenário do roteirista , algo "ipsis litteris" do que ronda por aqui ,por ali, por acolá. Que coincidência logística.

Não vou fornecer aqui o enredo principal porque nada pior do que reviver um "spoiler" DO PRÓPRIO MUNDO nas telas.

Eu...me faço entender?

Assistam e verão se sim ou não. A interpretação da arte é democrática.

Apenas falo de essência MARAVILHOSA da principal mensagem do filme: o velho clichê, não por isso menos sagrado, sobre o que realmente nos salva de nós, ainda que seja no mundo fantástico do eterno "enquanto dure": o verdadeiro amor nos resgata do nosso atual mundo, onde a deslealdade fisiológica e a mentira têm sucesso garantido nas "bilheterias" dos velhacos.

Imperdível esse filme.

Acredito que será uma tela premiada, embora vivamos uma época na qual tudo que tem qualidade já está condenado a não existir.

Oxalá pudéssemos, com uma varinha mágica, obliviar nossas perenes cicatrizes advindas da nossa HUMANA HISTÓRIA DESUMANA; e carregar na nossa malinha um mundo mais ético e generoso.

Afinal , nosso filme é bem outro: o nada fantástico mundo do ANIMALESCO ANIMAL HOMEM.