O mapa das pequenas coisas perfeitas

Mesmo com as “entranhas amadurecidas”, quase sempre me deixo cair na graça de assistir a um filme de teor Young Adult.

No filme “O MAPA DAS PEQUENAS COISAS PERFEITAS” temos os jovens Mark e Margaret que estão aprisionados em um dia que se reinicia a cada meia-noite, uma anomalia temporal. E no decorrer do filme, presenciamos ambos empenhando-se em descobrir o que podem fazer para voltarem à linha temporal normal de suas vidas. Juntos, eles escolhem aproveitar o loop temporal para listar todas as gracilidades da rotina que terminam passando despercebidas pela maioria das pessoas.

O filme tem uma mensagem que vai muito além do inevitável romance entre os dois jovens. E o motivo dos dois estarem aprisionados neste cenário, compreendemos próximo ao final do filme, por fim a explicação do loop temporal em que eles se encontram não é apresentada ao público de forma didática.

É um filme simples e leve que brinca de maneira envolvente com a metáfora de a vida ser um tipo de quebra-cabeças, onde há a indispensabilidade de reunir todas as peças para se completar ou fazer sentido; trazendo também a pertinência sobre o amadurecimento da vida adolescente para a inevitável vida adulta.

A forma como o filme se desenvolve, apostando no empenho aos detalhes que compõem o nosso dia a dia, nos leva a refletir sobre as pequenas coisas valiosas que temos na vida, mas que acabam se tornando invisíveis pela necessidade imediata e impetuosidade de algo que dizemos tanto que não temos de sobra: tempo.

Essa reflexão num tom mais inocente por ser protagonizado por dois adolescentes veio a calhar, pois passamos por um período em que toda a nossa rotina fora de casa foi pausada por um tempo para que pudéssemos ficar seguros em nossos lares. Certamente dias repetitivos não ocorrem apenas em anomalias temporais! Na maioria das vezes, permitimos a vida passar sem notarmos seus valores, e que podem estar presentes até mesmo nos dias mais monótonos e repetitivos.

Valeu a pena assistir! Além de ser uma boa pedida para uma sessão no final de tarde de outono, o filme me fez dar um riso bobo e, sem exigir uma concentração quase budista, me fez refletir sobre o valor do tempo.

Pra quem aprecia o gênero do filme assista, não vai se arrepender. E pra quem não gosta desse gênero, dê uma chance ao filme. Tudo vai depender muito mais do gosto do que da maturidade de quem assiste – maturidade, inclusive, para assumir que um filme YA também pode ser interessante.