Resenha do filme: A última tentação de Cristo, de Martin Scorsese
O filme "A última tentação de Cristo" (1988), de Martin Scorsese, é um dos filmes que mais se aproximam do ambiente apocalíptico e bélico em que vivia Jesus e seus discípulos. O Jesus de Scorsese é um homem comum, atormentado entre a missão divina e a vida cotidiana, entre ser um carpinteiro e casar, ou ser morto numa cruz como os demais revolucionários judeus. O carpinteiro Jesus vivia o drama de construir as cruzes usadas pelos romanos para crucificar os judeus revolucionários. Se sentia um judeu que matava judeus. Um traidor.
O professor de Harvard, Reza Aslan, em seu livro “Zelota: a vida e a época de Jesus de Nazaré", conta sobre esse ambiente fervilhante de motins, fúria e ódio ao redor de Jesus. Um caleidoscópio de profetas, pregadores, bandidos e messias para todos os gostos e tipos. Uns mais ousados, como o caso dos sicários, assim chamados porque utilizavam pequenas armas, fáceis de esconder, usadas para matar os seus inimigos. Na Palestina de Jesus, diferentemente do que muitos cristãos imaginam, a fúria, o ressentimento e o ódio pelos estrangeiros suplantava qualquer palavra de amor e misericórdia. Era improvável que qualquer um que se intitulava “messias” naquele período não se deixasse levar pelo ódio dos judeus pelos romanos. E eram muitos messias, tantos que os próprios judeus não sabiam mais distinguir a verdade da mentira.
A última tentação de Cristo é um dos filmes menos clichês sobre Jesus e que vale a pena assistir no fim de semana. Boa diversão!