Maioridade: Trajetória de Margaret Mead

“Não sei se ela estava tão interessada em propagar uma nova teoria antropológica (...) Ela só queria fazer um bom trabalho de campo. Talvez soubesse que o futuro daria o real valor à excelência da sua obra”. A afirmação é da professora Bárbara Rolls, sobre a amiga, a antropóloga Margaret Mead, no folme “Strangers Abroad” – “Estranhos no Exterior”, em tradução livre.

O documentário, com duração de 53 minutos e 25 segundos, está disponível no canal Youtube (https://www.youtube.com/watch?v=fLKjTt63yjw). É um relato de parte da vida, trabalho e obra da antropóloga norte-americana Margaret Mead, que faleceu vítima de câncer em novembro de 1978. “Ela foi a primeira mulher a fazer pesquisas tão longe, no Pacífico Sul, e acabou sendo modelo para quem veio depois”, diz a professora da Universidade de São Paulo (USP), Heloisa Buarque de Almeida.

Margaret Mead “estudou sociedades exóticas e culturas modernas”, afirma o narrador já no final do documentário. As pesquisas antropológicas de Mead foram realizadas na Ilha de Tau, no arquipélago de Samoa; e na Aldeia Pere, na Ilha de Manus, na costa setentrional da Nova Guiné. Estudou ainda os povos Arapech, Mundugumor e Chambri, na Nova Guiné; e realizou trabalho de pesquisa sobre o relacionamento entre soldados ingleses e norte-americanos, no período da Segunda Guerra Mundial.

Ela foi uma antropóloga à frente do seu tempo e fundamental para os estudos de gênero na atualidade. “Mead tocou em temas considerados (na época) marginais, exóticos e que depois ficaram mais populares. Ela foi realmente precursora de coisas que depois se tornaram centrais na Antropologia, mas que não eram na época em que ela viveu”, explica a professora da disciplina de Antropologia II - Questões de Antropologia Clássica, da USP.

A vida de Mead é o episódio “Maioridade”, o quinto da série Strangers Abroad (Estranhos no Exterior), produzida e veiculada na década de 1980, mostrando a atuação profissional e a produção acadêmica de antropólogos que partiram para áreas longínquas, para viver e estudar povos que lhes despertavam interesse. Os outros episódios da série são: "Trabalho de campo: Sir Walter Baldwin Spencer" (1º), "Todo mundo é parente: William Rivers" (2º), "As correntes da tradição: Franz Boas" (3º), "Fora da Varanda: Bronislaw Malinowski" (4º) e "Estranhas crenças: Sir Edward Evans-Pritchard" (6º).

O Documentário

Com uma narrativa intercalada com áudios da própria Margaret Mead, entrevistas e depoimentos de Luther Cressman (arqueólogo, professor de Sociologia e Antropologia na Universidade de Oregon e ex-marido de Mead. Faleceu em abril de 1994), Johanis Kilipak (nativo da Aldeia Pere-Ilha de Manus. Aos 13 anos trabalhou na casa da antropóloga), Bárbara Rolls (professora da Universidade de Cambridge – Inglaterra, ainda viva), Catherine Bateson (antropóloga cultural e escritora, filha de Margaret. Faleceu em janeiro de 2021) e Rhoda Métraux (antropóloga da área de estudos transculturais e ex-companheira de Mead. Falecida em novembro de 2003), o documentário faz um resgate da trajetória da antropóloga.

Margaret Mead (1901-1978) "foi um dos expoentes da chamada escola culturalista norte-americana” e uma das suas “contribuições aos estudos antropológicos foi demonstrar a influência do aprendizado sociocultural sobre o comportamento de homens e mulheres” (Enciclopédia de Antropologia da USP)

A antropóloga fixou os seus estudos nas áreas da sexualidade, cultura, socialização de crianças e papéis de gênero. As suas pesquisas e observações resultaram nos livros “Adolescência, sexo e cultura em Samoa” (1928), “Crescendo na Nova Guiné” (1930), “A cultura cambiante de uma tribo índia” (1932), “Sexo e temperamento em três sociedades primitivas” (1935), “Masculino e feminino” (1949), “Novas vidas para o velho: transformação cultural em Manus: 1928-1953” (1956), “Gente e lugares” (1959), “Continuidades na evolução cultural” (1964), “Cultura e compromisso’ (1970) e “Inverno de amora” (1972).

Bibliografia

LOBATO, João Pedro. Margaret Mead: das tribos primitivas à revolução sexual feminina. Disponível em: http://obviousmag.org/archives/2010/11/margaret_mead_das_tribos_primitivas_a_revolucao_sexual_feminina.html

USP. Enciclopédia de Antropologia. Disponível em: https://ea.fflch.usp.br/autor/margaret-mead

USP. Portal de vídeoaulas. Margaret Mead. Disponível em https://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=20067

Youtube. Maioridade. Série Strangers Abroad. 1980. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=fLKjTt63yjw.