Desalma Um grande acerto do Globoplay
Desalma
Um grande acerto do Globoplay
A série começa devagar, com um desconhecido cometendo suicídio, corta para dias depois quando a mulher vai ao necrotério reconhecer o corpo e tentar entender o que levou o marido a cometer tal insanidade e resolve se mudar para a pequena cidade de Brígida um pedaço da Ucrânia nas serras gaúchas, a atmosfera aqui lembra muito Twin Peaks porque aqui há também a morte de uma jovem que muda para sempre a vida de todos da pequena Brígida, a moça em questão foi assassinada 30 anos atrás em meio as festividades Ivanà-Kupala uma festa pagã de origem ucraniana como quase todos da cidade, mas por pressão da população mais jovem a festa pagã proibida há 30 anos desde a fatídica morte da jovem, retorna e com ela todos os fantasmas do passado.
E é neste cenário que que Giovana Skavronski ( Maria ribeiro) a viúva, cai de paraquedas, mas o destaque fica mesmo com Cássia Kis (Haia Lachovicz) e Claudia Abreu ( Ignes Skavronski Burko) as duas brilham, Cássia Kis é a Bruxa da cidade, que hora amaldiçoa hora benze, mas sempre resmungando em Ucraniano, ela é mãe de Halyna Lachovicz (Nathalia Falcão) a moça que foi assassinada e Ignes era a melhor amiga dela, então rola uma certa animosidade entre as duas, a série que se parece muito esteticamente e narrativamente com tramas europeias mas sem perder os pés no Brasil, tem um ritmo propositalmente lento, um personagem solta uma coisa aqui, uma cena revela outra coisa ali , e Anatoli Skavronski Burko ( João Pedro Azevedo) Filho de Ignes lembra muito Damien de A Profecia, tanto nos gestos quanto nas ações, Ignes sabe que algo de muito grave está acontecendo com o filho, mas é incapaz de diagnosticar, nenhum médico da cidade sabe o que o menino tem, uma coisa que atrapalha um pouco a narrativa são os nomes dos personagens, a gente leve um certo tempo para de fato conhecer um rosto pelo nome, porque os nomes ucranianos parecem um trava-língua e isso reverbera nas cenas de flashbacks porque os atores que interpretam os protagonistas no passado, não estão a altura do elenco do presente, mas nada que seja de fato um grande defeito, mas uma melhor escalação e um nomes mais fáceis, poderia dar ao expectador uma maior imersão.
Em Brígida todos tem um esqueleto no armário, pode-se dizer que todos tem motivos para desconfiar de todos, desde a morte de Halyna aos estranhos modos de Anatoli, aqui o vilão não é de carne e osso, são os misticismos e estranheza do lugar, a parte técnica da um show, os figurinos alternam da frieza europeia ao calor brasileiro, a cidade com suas casas que parecem centenárias, mas que também tem um toque de modernidade, a fotografia alterna tons crus com tom solar, tudo isso não passa de verniz estético, a força de Desalma reside nos seus personagens, no seu belo texto, e em sua magnifica direção, a série criada por Ana Paula Maia tem como trunfo principal a falta de terror e suspense na TV brasileira, então ela chega metendo o pé na porta e se mostra a altura de grandes produções tanto americanas quanto europeias. A Série pode ser assistida no Globoplay. Nota 7,5/10