BIG JAKE (Jake Grandão)
BIG JAKE (Jake Grandão)
Miguel Carqueija
Batjac (empresa de John Wayne), Estados Unidos, 1971. Produção: Michael Wayne. Direção: George Sherman. Fotografia: William Clothier. Direção de segunda unidade: Cliff Lyons. Música: Elmer Bernstein. Elenco: John Wayne, Maureen O’Hara, Richard Boone, Patrick Wayne, Chris Mitchum, Bobby Vinton, Bruce Cabot, Glenn Cobertt, Harry Carey Jr., John Ethan Wayne.
Exemplar da época da decadência do faroeste (que mais tarde voltaria à tona), “Big Jake” possui não obstante características de grande cinema, com um estilo enxuto onde a ação e o drama se temperam com humor irônico, aquele humor que existe fora da comédia. É bem um filme John Wayne, feito por e para ele; um filme de astro-dono-da-empresa.
Como faroeste é anacrônico, passando-se a história em 1909, o que deve ter parecido tão inusitado aos próprios realizadores que estes providenciaram um prólogo explicativo das circunstâncias da época. Por exemplo, a situação dos índios.
Big Kake — ou Jake Grandão — é um sujeito durão e de passado pouco revelado. Sabe-se apenas que é separado de uma bela esposa e que dois de seus filhos, já adultos, o encaram com maus olhos. Ele porém é um sujeito valioso em caso de necessidade, tanto que é requisitado quando do sequestro do neto (interpretado pelo filho caçula do ator, John Ethan Wayne). A ação segue então uma linha enxuta e bem definida, ou seja, a caça à quadrilha de sequestradores, caça liderada por Big Jake, e na qual tomam parte seus dois filhos rebeldes, James (Patrick Wayne, outro filho de John na vida real) e Michael (Chris Mitchum), com os quais chega a trocar sopapos, com nítida vantagem para o velho Jake. Do grupo faz parte ainda o apache Sam Sharpnose (Bruce Cabot, 1904-1972) e um cachorro chamado apenas de “Cão”, pertencente a Big Jake e que terá importante papel a desempenhar no bem montado duelo final — o confronto entre Big Jake e seu grupo, de um lado, e o bando de John Fain (Richard Boone) do outro.
Esta caçada é a substância da fita, conferindo à mesma uma tinta de história policial. John Wayne (1907-1979), que através de longa e brilhante carreira tornou-se um símbolo do faroeste, está super-à-vontade no papel principal, o do herói duro, impassível, irônico, algo cínico porém reto, que leva a sua missão às últimas consequências. Com sua face pétrea — já então cheia de rugas — Wayne dá um “show” de interpretação, inclusive compondo cenas antológicas como a do banho de chuveiro e a da briga com os dois filhos. A grande atriz Maureen O’Hara — que não faria outro filme nos vinte anos seguintes — no papel de Martha, a esposa separada de Jake, fica para trás no enredo, apesar de sua presença marcante nas cenas iniciais.
Rio de Janeiro, 24 a 26 de fevereiro de 1995.
BIG JAKE (Jake Grandão)
Miguel Carqueija
Batjac (empresa de John Wayne), Estados Unidos, 1971. Produção: Michael Wayne. Direção: George Sherman. Fotografia: William Clothier. Direção de segunda unidade: Cliff Lyons. Música: Elmer Bernstein. Elenco: John Wayne, Maureen O’Hara, Richard Boone, Patrick Wayne, Chris Mitchum, Bobby Vinton, Bruce Cabot, Glenn Cobertt, Harry Carey Jr., John Ethan Wayne.
Exemplar da época da decadência do faroeste (que mais tarde voltaria à tona), “Big Jake” possui não obstante características de grande cinema, com um estilo enxuto onde a ação e o drama se temperam com humor irônico, aquele humor que existe fora da comédia. É bem um filme John Wayne, feito por e para ele; um filme de astro-dono-da-empresa.
Como faroeste é anacrônico, passando-se a história em 1909, o que deve ter parecido tão inusitado aos próprios realizadores que estes providenciaram um prólogo explicativo das circunstâncias da época. Por exemplo, a situação dos índios.
Big Kake — ou Jake Grandão — é um sujeito durão e de passado pouco revelado. Sabe-se apenas que é separado de uma bela esposa e que dois de seus filhos, já adultos, o encaram com maus olhos. Ele porém é um sujeito valioso em caso de necessidade, tanto que é requisitado quando do sequestro do neto (interpretado pelo filho caçula do ator, John Ethan Wayne). A ação segue então uma linha enxuta e bem definida, ou seja, a caça à quadrilha de sequestradores, caça liderada por Big Jake, e na qual tomam parte seus dois filhos rebeldes, James (Patrick Wayne, outro filho de John na vida real) e Michael (Chris Mitchum), com os quais chega a trocar sopapos, com nítida vantagem para o velho Jake. Do grupo faz parte ainda o apache Sam Sharpnose (Bruce Cabot, 1904-1972) e um cachorro chamado apenas de “Cão”, pertencente a Big Jake e que terá importante papel a desempenhar no bem montado duelo final — o confronto entre Big Jake e seu grupo, de um lado, e o bando de John Fain (Richard Boone) do outro.
Esta caçada é a substância da fita, conferindo à mesma uma tinta de história policial. John Wayne (1907-1979), que através de longa e brilhante carreira tornou-se um símbolo do faroeste, está super-à-vontade no papel principal, o do herói duro, impassível, irônico, algo cínico porém reto, que leva a sua missão às últimas consequências. Com sua face pétrea — já então cheia de rugas — Wayne dá um “show” de interpretação, inclusive compondo cenas antológicas como a do banho de chuveiro e a da briga com os dois filhos. A grande atriz Maureen O’Hara — que não faria outro filme nos vinte anos seguintes — no papel de Martha, a esposa separada de Jake, fica para trás no enredo, apesar de sua presença marcante nas cenas iniciais.
Rio de Janeiro, 24 a 26 de fevereiro de 1995.