Crítica pessoal de todos os filmes ao Oscar

Consegui assistir os oito filmes indicados para Melhor Filme ao Oscar.

Confesso que Minari é chato. Só vale pela cena na qual o pai manda o filho apanhar uma vara para ser castigado. O guri vai até uma touceira perto de casa, pega dois ou três gravetos analisando-os e quando volta pra casa apresenta ao pai uma planta longa como um capim. Não é filme pra Oscar.

O Som do silencio é outro filme chato. O ator, Riz Ahmed é britânico- paquistanês e tem cara de cachorrinho abandonado, concorre para Melhor Ator. Mal iluminado e a mensagem é que é melhor viver com as limitações de que ser ajudado pela tecnologia. Imagina o que é passar quase duas horas acompanhando isso com cenários pobres . Parece mais um documentário. É outro que não merecia ser indicado.

Nomadland, também é chato e parece mais como um documentário do Canal Discovery ou History. Porém o desempenho de France McDormand é correto. Ela esteve melhor em Três Cartazes.

Bela Vingança é excitante. Carey Mulling atriz britânica, em certos momentos é massacrada pelos maquiadores e não convence muito. Mas faz muito bem os trejeitos de uma bêbada a um passo do vomito. Mas, não é filme pra Oscar. A mensagem é; não tenha sex-apeal quando ficar bêbada em meio de amigos bem dotados. A melhor cena é o final.

Os sete de Chicago era o meu preferido. Continuo achando que Sacha Baron deveria ser indicado para Melhot Ator e não coadjuvante. Eu estava com 22 anos na época e pouco sabíamos do que estava acontecendo, portando valeu pelo esclarecimento cinqüenta anos depois. O interessante é que pelo menos quatro atores são britânicos. Sacha, o cara que fez o papel de Steve Hawks e ganhou o Oscar por isso, o juiz e o advogado de defesa.

Mank. Filmado em preto e branco e toda uma atmosfera noir copiada de Cidadão Kane. Até aí muito bom, mas é arrastado. Gary Oldman soberbo na atuação. Também com quatro atores britânicos. Oldman, ator que faz o papel de Hearst, Lilly Collins e o ator que faz Orson Wells. Um pouco chato.

Judas e o Messias Negro - É outro filme ambientado nos turbulentos anos setenta e que nada mudou à perseguição aos cidadãos negros. Soberba atuação do ator Daniel Kaluuya que faz o Hapton, um dos líderes dos Panteras Negras e que deveria ser indicado para Melhor ator e de Jesse Plomons que faz o agente do FBI para Melhor ator coadjuvante e não o que faz o papel de Judas, Lakeith Stanfield. Mas, embora real, como filme é um quase déjà-vu.

Meu pai – Merece no mínimo um Oscar. É genial como o diretor , de um lado, nos coloca dentro da realidade do personagem em sua demência, e do outro os personagens que convivem com um parente assim. Daria o Oscar ao Hopkins. A cena forte é quando o personagem demente é estapeado pelo genro.

O meu favorito, EUA versus Billie Holiday. Andra Day é a minha preferida para Melhor atriz . Embora trate também da perseguição a cidadãos negros, porém aqui se situa numa época (anos quarenta) em que um branco não seria punido se matasse um negro. No caso, o FBI de Hoover achava que Billie incitava a revolta ao cantar Strange Fruits, canção que descreve os corpos pendurados nas arvores de negros linchados.

Andra (ou Cassandra) é cantora de formação e esse é seu primeiro longa. Afilhada de Steve Wonder. A dramaticidade que ela homenageia Billie é comovente, totalmente diferente das caretices de Viola Davis em A Voz Suprema do blues

Druk – A Última Rodade é o filme dinamarquês que concorre a Melhor filme Internacional. Aparentemente uma história banal, mas na realidade é sombria. È razoável. Madds Malinkken, como sempre perfeito. A mensagem é; a hipocrisia da superação de um ex-alcoolatra que volta a socializar com seu ambiente de amigos alcoólatras.

O Tigre Branco é fenomenal!A frase que o personagem diz “ para os pobres a inexistência da democracia não faz diferença.” É como se fosse gravada a ferro e fogo no peito de todo miserável deste mundo. Concorre a roteiro original. Uma pena

Uma noite em Miami é também de temática racista. O fato aconteceu realmente, parece que depois do um show de Sam Cook. Ele já vinha se destacando com suas musicas militantes. Foi assassinado. Até hoje não se sabe por quem.

Sam, Malcoln X, Cassius Clay e Jim Brown passaram uma noite juntos conversando num quarto de hotel.

Jim Brown foi um dos maiores jogadores de futebol americano de todos os tempos e já era famoso como ator (protagonizou o primeiro beijo interracial com a bela Rachel Welch) quando foi visitar seu técnico que o incentivou e deu muito apoio na sua carreira de atleta.

Jim vai encontrá-lo na varanda de sua bela casa sulista e é bem recebido com grande satisfação pelo técnico que não pára de elogiá-lo.

A filha serve limonada pra ambos e pede ajuda ao pai pra arrastar um móvel pesado.

Jim, com seu 1,90 e mais de cem quilos se oferece pra ajudar. O técnico se levanta, põe a mão no tórax de Jim e sorrindo lhe diz; -Obrigado Jim, mas não é permitida a entrada de negros dentro da casa!”.

Esta cena é memorável e vale pelo filme inteiro que é bastante insosso ao retratar o narcisismo de Cassius Clay e o pseudo ghandismo de Malcoln X (valha-me deus!).

Relatos do Mundo. Teria sido melhor com o título Noticias do Mundo. Superbo! Brilhante! Deveria ter entrado na corrida pelo Oscar no lugar dos filmes que já mencionei. Concorre a Melhor trilha sonora.

Destacamento blood. Besteirada do começo ao fim. Spike Lee consegue se ridicularizar tentando imitar Tarantino. Atuações forçadas. Uma droga.

Borat – é um filme anárquico, mas interessante. Bem melhor aqueles que citei que não deveriam estar na lista

A voz suprema do blues- a grande diva Viola Davis está desconfortável nesse filme. O filme se baseia numa peça de teatro sobre uma tarde de gravação da cantora de blues Ma Rainey. Uma droga. Arrastado. O ator indicado ao Oscar postumamente atua como se estivesse no teatro com a platéia a sua frente. Não convence com suas caretices quando relata seus traumas no meio de outros negros traumatizados. Não acredito que eles podiam ser tão elegantes, tão altivos e arrogantes numa época, como já disse, que um branco nunca seria condenado por matar um negro. Atuações forçadas.