"O Príncipe e o mendigo" em animação
“O PRÍNCIPE E O MENDIGO” EM ANIMAÇÃO
Miguel Carqueija
Walt Disney já havia filmado brilhantemente a célebre obra de Mark Twain, em 1962, numa capa-e-espada estrelada por Guy Williams, que já havia trabalhado com ele vivendo o Zorro no clássico seriado.
Esta média-metragem de 1990 adapta a história aos animais antropomorfizados de Disney e traz de volta o Mickey Mouse além de vários outros personagens que conhecemos há décadas.
Mickey faz um papel duplo: é o mendigo que sofre as agruras da pobreza extrema, com seu cachorro Pluto e seu amigo Pateta, e o Príncipe, seu sósia que, entediado com as lições de seu impassível preceptor Horácio, e as diatribes do outro servidor Pato Donald, resolve trocar de lugar com o mendigo para se divertir um pouco no mundo fora do palácio real, sem a chateação de protocolos e etiquetas.
Nesta adaptação o Rei, que nem é visto, encontra-se gravemente enfermo e o Capitão da Guarda — nada menos que João Bafodeonça (Pete no original) se aproveita para exercer toda a sorte de tirania contra o povo de Londres, e sempre em nome do monarca. É claro que, sendo um desenho infantil (e por sinal muito bem feito) passa-se por cima de detalhes como o que faziam as outras autoridades (generais, ministros, Parlamento etc).
Há uma certa dramaticidade, é frisante a cena em que o apagar de uma vela simboliza o expirar do Rei, criando a emblemática situação do falso príncipe que estará prestes a ser coroado sem ter direito à coroa.
O Pateta, personagem icônico, contribui muito para a vivacidade da película. Clarabela também aparece rapidamente. Horácio, personagem há muito desprestigiado nos Estúdios Disney (nos anos 30 era muito presente em quadrinhos e desenhos, mas foi sendo substituído pelo Pateta) até que tem uma boa participação. É muito engraçado o exército de fuinhas que serve ao Capitão Pete, todos iguais e todos cafajestes, me parece que multiplicaram um vilão secundário que já aparecia antes.
O produtor Don Rounds, o diretor George Scribner e demais responsáveis por essa obra fizeram um bom trabalho. O desenho tem valores e diverte bastante, inclusive pela vilania grotesca, exagerada e caricatural de Bafodeonça, que está mais brutamontes do que nunca. Muita gente não sabe mas ele foi criado em 1925, portanto três anos antes do próprio Mickey.
Rio de Janeiro, 11 de agosto de 2019.
“O PRÍNCIPE E O MENDIGO” EM ANIMAÇÃO
Miguel Carqueija
Walt Disney já havia filmado brilhantemente a célebre obra de Mark Twain, em 1962, numa capa-e-espada estrelada por Guy Williams, que já havia trabalhado com ele vivendo o Zorro no clássico seriado.
Esta média-metragem de 1990 adapta a história aos animais antropomorfizados de Disney e traz de volta o Mickey Mouse além de vários outros personagens que conhecemos há décadas.
Mickey faz um papel duplo: é o mendigo que sofre as agruras da pobreza extrema, com seu cachorro Pluto e seu amigo Pateta, e o Príncipe, seu sósia que, entediado com as lições de seu impassível preceptor Horácio, e as diatribes do outro servidor Pato Donald, resolve trocar de lugar com o mendigo para se divertir um pouco no mundo fora do palácio real, sem a chateação de protocolos e etiquetas.
Nesta adaptação o Rei, que nem é visto, encontra-se gravemente enfermo e o Capitão da Guarda — nada menos que João Bafodeonça (Pete no original) se aproveita para exercer toda a sorte de tirania contra o povo de Londres, e sempre em nome do monarca. É claro que, sendo um desenho infantil (e por sinal muito bem feito) passa-se por cima de detalhes como o que faziam as outras autoridades (generais, ministros, Parlamento etc).
Há uma certa dramaticidade, é frisante a cena em que o apagar de uma vela simboliza o expirar do Rei, criando a emblemática situação do falso príncipe que estará prestes a ser coroado sem ter direito à coroa.
O Pateta, personagem icônico, contribui muito para a vivacidade da película. Clarabela também aparece rapidamente. Horácio, personagem há muito desprestigiado nos Estúdios Disney (nos anos 30 era muito presente em quadrinhos e desenhos, mas foi sendo substituído pelo Pateta) até que tem uma boa participação. É muito engraçado o exército de fuinhas que serve ao Capitão Pete, todos iguais e todos cafajestes, me parece que multiplicaram um vilão secundário que já aparecia antes.
O produtor Don Rounds, o diretor George Scribner e demais responsáveis por essa obra fizeram um bom trabalho. O desenho tem valores e diverte bastante, inclusive pela vilania grotesca, exagerada e caricatural de Bafodeonça, que está mais brutamontes do que nunca. Muita gente não sabe mas ele foi criado em 1925, portanto três anos antes do próprio Mickey.
Rio de Janeiro, 11 de agosto de 2019.