A TEMPESTADE DO SÉCULO, resenha

A TEMPESTADE DO SÉCULO, resenha
Miguel Carqueija

Resenha do filme “A tempestade do século”. Teamworx Produktion, Alemanha, 2006. Direção: Jorgo Papavassiliou. Com Benno Fürmann, Nadja Uhl, Jan Josef Liefers, Bettina Zimmermann, Henry Stange, Heiner Lauterbach (como Alexander Glaussen), Natalia Worner, Christian Berkel (como Helmut Schmidt), Götz George, Jutta Speidel, Elmar Wepper, Michael Deen, Gary Dohm, Gil Ofarim, Stephan Luca, Pasquale Aleardi, Walter Kreye, Holden Karen Schmidt. Música: Harald Klosen e Thomas Wanker. Roteiro: Andrea Küver, Peter Studhalter. Produção: Nico Hofmann, Sascha Schwingel, barbara Thielen. Chefia de produção: Jürgen Schuster. Em cores, 90 minutos. Título original: Die sturmflut (A tempestade).

Surpreendente drama alemão narrado em permanente tom de angústia e sofrimento mostrando a grande cidade de Hamburgo atingida por violenta inundação causada por fortíssima tempestade que fez diques se romperem. A época é anterior aos celulares e outras facilidades recentes e o clima de tragédia e desespero é agravado pela extensão horripilante da catástrofe; não deve ter sido fácil realizar este filme.
Ele acaba centrando num triângulo amoroso entre Markus (o médico), Kátia e Jurgen, e no meio deles o menino Felipe, filho de um dos dois homens. A solução deste triângulo pode ser questionada. Todavia a eficiência desta obra como cinema-catástrofe é inquestionável, conseguindo colocar o drama humano bem melhor que antecedentes famosos tipo “Terremoto”, “Inferno na torre” e “Tubarão”.
Os espectadores já pegam o bonde andando, com várias pessoas em desespero lutando contra a fúria das águas, o menino Felipe sendo salvo a duras penas mas adquirindo a doença que poderá levá-lo ao túmulo — o que obriga o dois rivais a se unirem numa excursão de barco pela cidade inundada, em busca de uma farmácia que tenha o remédio adequado.
Detalhe curioso é a trama paralela mostrando o então senador Helmut Schmidt — que também foi chanceler e figura muito importante na política mundial — tomando atitudes enérgicas junto a autoridades civis e militares para obter o socorro urgente aos inúmeros flagelados, presos em meio à enchente gelada.
Os artistas atuam muito bem, destacando-se Christian Berkel como Helmut Schmidt, que a uma objeção sobre o uso de orçamento — sabemos que a burocracia atrapalha até a ajuda humanitária — responde ao seu contestador: "Vá dizer isso às centenas que estão morrendo de frio.”
Bem produzido, dirigido e roteirizado, é um filme marcante e apreciável.

Rio de Janeiro, 30 de março de 2019.