Saúde! Velho Chico, de Stella Oswaldo Cruz Penido e Eduardo Vilela Thielen.
O documentário retrata sobre a saúde da região do Rio São Francisco, mostrando a perspectiva de dois períodos diferentes, um foi em 1912, quando os cientistas Adolpho Lutz e Astrogildo Machado realizaram uma expedição ao Velho Chico, para investigar as condições de saúde da região, a outra foi mais de um século depois, quando a região foi revisitada por pesquisadores da Fiocruz, que utilizaram as fotografias da expedição anterior, para fazer a mesma rota, e retrataram as mudanças ambientais e seus reflexos na vida de seus habitantes, aquele rio descrito na primeira expedição já não existe mais.
No filme mostra a populações que dependem do São Francisco para a sobrevivência como: camponeses, ribeirinhos, pescadores, quilombolas, como protagonistas, onde relatam a importância do rio para elas, e o quanto sofreram com intervenções nas águas fluviais.
Busca abordar a situação social e ambiental do velho Chico e o que mudou nesse período para a vida das populações locais, abordando a saúde mais contemporânea, através das narrativas dos moradores, analisando a saúde com relação ao ambiente em que as pessoas vivem.
A população relata de forma forte e detalhada, o quanto era abundante de água boa, antes das intervenções que houve no rio, como a barragem do sobradinho, e relatam como foi o processo de construção das barragens e o quanto tiveram que ser resistente para não deixar sua região, relata também sobre o uso do agrotóxico e a exposição das pessoas ao mesmo.
Tem também relatos de representantes de algumas empresas, que são a favor do desenvolvimento. Nessa segunda pesquisa, mais de um século depois, os pesquisadores encontram melhoria, uma melhor infraestrutura iniciada pelos pequenos agricultores e comunidades populares. Mas descobrem o sinal claro de decadência e morte do rio, que se encontra anêmico e envenenado. Ouve relatos de poluição e assoreamento do rio.
Dessa forma o documentário vem contrapor as narrativas do desenvolvimento, ou seja, uma espécie de critica as intervenções como hidrelétricas, barragens, projetos de irrigação para a agricultura industrial e o projeto de transposição do rio são Francisco, com as narrativas das populações ribeirinhas, onde suas vidas foram construídas através do rio, e que com essas intervenções sobre as águas impactam suas atividades deixando assim muito mais difícil suas existências.
É um documentário bem produzido, e é excelente para quem quer fazer pesquisa, pois além de instigar as pessoas a pesquisar, ainda tem várias sugestões de temas de pesquisa nas entrelinhas.