LOST episódio 22: mais Kate

LOST episódio 22: mais Kate
Miguel Carqueija

Este episódio remexe mais uma vez com o passado tortuoso de Kate, uma criminosa que se faz de simpática mesmo sendo uma ladra, e que estava sendo conduzida sob custódia policial no avião sinistrado. A sorte de Kate foi, evidentemente, a morte do policial que a conduzia, uma das primeiras mortes após o desastre, a última até agora foi Boone. Nas cenas de reminiscência percebe-se o quando Kate desperdiçou a sua vida e perdeu os seus laços. É uma das personagens mais desconcertantes do seriado.
Nas cenas do “presente da trama” Locke finalmente mostra a Jake a claraboia que localizou na selva, e que não tem alça para ser aberta. Sayid, que primeiro soube a verdade após a morte de Boone, considera que não se deve tentar abrir o objeto, por não se saber o que ele contém. E talvez ele tenha razão.
Mas outra intriga ocorre na ilha. Kate quer partir com Michael, Jin e Walt na balsa que estão construindo, e para tanto tenta convencer Michael a trocar Sawyer por ela. Para tanto ela joga com a má fama de Sawyer. E agora aparece outro personagem, um dos náufragos, que até então não fôra visto: Arzt, com esse nome estranho mesmo. Um sujeito que alerta para o perigo da monção em relação à embarcação.


Resenha do episódio 22 (Born to run?Nascida para correr) do seriado de televisão “Lost”. Touchstone Television, EUA, 2005. Criação: Jeffrey Lieber, J.J. Abrams e Damon Lindelof. Produção executiva: J.J. Abrams, Damon Lindelof, Jack Bender, Carlton Cuse e Bryan Burk. Co-produção executiva: David Fury e Jesse Alexander. Supervisão de produção: Javier Grillo-Marxuach. Produção: Edward Ktisis & Adam Horowitz, Leonard Dick, Sarah Caplan e Jean Higgins. Roteiro: Edward Kitsis e Adam Horowitz. Argumento: Javier Grillo-Marxuach. Direção: Tucker Gates. Música: Michael Giacchino. Fotografia: John Bartley.
Elenco: Naveen Andrews (Sayid Jarrah), Emilie De Ravin (Claire Littleton), Matthew Fox (Dr. Jack Shepard), Jorge Garcia (Hugo “Hurley” Reyes), Maggie Grace (Shannon Rutherford), Josh Holloway (James “Sawyer” Ford), Daniel Dae Kim (Jin Kwon), Yunjin Kim (Sun Kwon), Evangeline Lillly (Kate Austen), Dominic Monaghan (Charlie Pace), Terry O’ Quinn (John Locke), Harold Perrineau Jr. (Michael Dawson), L. Scott Caldwell (Rose Henderson), Malcolm David Kelley (Walt). Também neste episódio: Mackenzie Astin, Daniel Roebuck, Beth Broderick.


“Notou alguma coisa nessa portinhola? Não tem alça.”
(Sayid Jarrah)

“Não sei do que você é capaz.”
(Jack Shepard para Kate Austen)

“Quer nos contar porque está fugindo? Quer nos contar a verdade?”
(James “Sawyer” Ford para Kate Austen)


O lado sinistro dos personagens de “Lost” é frequentemente mostrado, apesar das demonstrações de bons sentimentos, são pessoas bem misturadas em seus valores. Locke, Sawyer, Jin, tem todos seu lado oculto, mas Kate inclusive consegue ser maquiavélica na maneira como manipula outras pessoas. A cena da intoxicação estomacal de Michael, que pode comprometer a viagem do pequeno grupo, é típica. Kate manipula Sun para colocar substância intoxicante na garrafa de água de Jin porque ela não quer que o marido, mesmo brigado, vá embora; as garrafas são trocadas e quem bebe é Michael. A culpa é jogada sobre Sawyer para que este seja expulso da expedição. Mas Sawyer, que não é bobo, toma a bolsa de Kate e exibe o documento de identidade de Joana, a mulher que se afogou no início da história. A vontade de Kate de fugir da ilha antes que haja resgate aflora: ela poderá ser presa, por isso a tentativa de se evadir na barca e levando documento de outra pessoa.
A reputação de Kate fica bastante prejudicada com essa. Embora a trama deste episódio seja, bem ditas as coisas, meio inverossímil.
A verdade é que a saga de “Lost” segue em meio a muitas suspeitas mútuas entre os protagonistas e o aflorar de seus fantasmas do passado.

Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 2020.