LOST episódio 20: morte em Lost
LOST episódio 20: morte em Lost
Miguel Carqueija
Num dos episódios mais sangrentos de “Lost”, Boone morre em consequência da leviandade de Locke, que o mandou subir no avião preso nos galhos. Ao cair junto com o pequeno avião o rapaz teve a sua perna esmagada, fato que enganará o Dr. Jack, pois ao carregar Boone até o acampamento o enigmático Locke só disse, mentirosamente, que este havia caído de um barranco durante a caçada ao javali.
Como sabe quem acompanhou os capítulos anteriores, Boone havia se tornado uma espécie de seguidor de John Locke, estando este obcecado pela ideia de penetrar numa espécie de alçapão encontrado em meio à floresta, e sem meios aparentes de abertura. Locke achava que a ilha diria um modo de abrir (?). Ele já age como se a ilha fosse um ser vivo, e nesta superstição impediu Boone de dizer aos demais o que eles estavam investigando; para todos os efeitos estavam caçando javalis sem nunca conseguir.
De fato a essa altura os espectadores ficam com raiva do velhote.
O filme faz outra retrospectiva de Jack, mostrando seu casamento e suas promessas de noivo, mostra-o de novo com seu pai, mas agora antes dos problemas que viriam depois. Jack, embora em tese seja o herói do seriado, é menos interessante que outros personagens.
Resenha do episódio 20 (Do no harm/Não faça nenhum mal) do seriado de televisão “Lost”. Touchstone Television, EUA, 2005. Criação: Jeffrey Lieber, J.J. Abrams e Damon Lindelof. Produção executiva: J.J. Abrams, Damon Lindelof, Jack Bender, Carlton Cuse e Bryan Burk. Co-produção executiva: David Fury e Jesse Alexander. Supervisão de produção: Javier Grillo-Marxuach. Produção: Edward Ktisis & Adam Horowitz, Leonard Dick, Sarah Caplan e Jean Higgins. Roteiro: Janet Tamaro. Direção: Stephen Williams. Música: Michael Giacchino. Fotografia: John Bartley.
Elenco: Naveen Andrews (Sayid Jarrah), Emilie De Ravin (Claire Littleton), Matthew Fox (Dr. Jack Shepard), Jorge Garcia (Hugo “Hurley” Reyes), Maggie Grace (Shannon Rutherford), Josh Holloway (James “Sawyer” Ford), Daniel Dae Kim (Jin Kwon), Yunjin Kim (Sun Kwon), Evangeline Lillly (Kate Austen), Dominic Monaghan (Charlie Pace), Terry O’ Quinn (John Locke), Harold Perrineau Jr. (Michael Dawson), Ian Somerhalder (Boone Carlyle), L. Scott Caldwell (Rose Henderson), Malcolm David Kelley (Walt). Também neste episódio: John Terry, Jack Ward e Julie Buwon.
“Me deixe ir, Jack.”
(Boone Carlyle)
“Ele não morreu. Foi assassinado.”
(Dr. Jack Shepard)
Não foi fácil assistir este episódio pelo muito de sofrimento físico que mostra. Além do acidente fatal com Boone, que Jack procura inutilmente reverter, o parto de Claire sem que o doutor possa assisti-la, o que termina sendo feito por Kate, improvisadamente. Os lances são altamente dramáticos. Claire, problemática, chega a querer atrapalhar o próprio parto por achar que o bebê a rejeitaria, já que no passado ela quis entregá-lo para adoção. A coreana Sun tenta ajudar Jack com suas ervas, mas tudo o que Jack faz se mostra inútil, por conta de uma informação errada de Locke. O machucado na perna não fôra causado por uma queda mas pelo esmagamento. E por isso o sangue se acumulava na perna, anulando os esforços de Jack e este pensa em amputá-la, o que torna ainda mais difícil assistir. Mas afinal Boone o convence e o libera de sua promessa (de salvá-lo). Boone entendeu que teria de morrer e se conformou. Mais uma vez “Lost” brinca com paralelos entre o passado e o presente dos protagonistas.
E, afinal, parece que fica uma vida por outra vida, ainda que o bebê de Claire, um menino, de fato já tivesse nove meses, estava na ilha desde o início do drama.
Não deixa de ser estranho ver Jack tentando de tudo (até transfusão de sangue) para socorrer todo mundo que tem problemas de saúde na ilha, com os poucos recursos médicos salvos do desastre. Ou todo mundo ainda inteiramente vestido, com sapatos etc.
Mas o que causa espécie é a atitude de Locke, pois após levar o agonizante Boone para o acampamento, desapareceu. Agora certo, pelas poucas dicas que Boone deixou escapar antes de morrer, e pela evidência da perna, que Locke possui grande culpa no que aconteceu, Jack, após a festinha do nascimento, afasta-se em direção à floresta. A Kate ele declara que Boone foi assassinado e quando a moça lhe pergunta o que irá fazer, o médico responde que vai atrás de Locke. E isto cria grande suspense para a continuação.
Por que terão sacrificado na trama Boone Carlyle, um dos 15 personagens principais? Não teria ele seus fãs? É verdade que Boone era um dos menos carismáticos, tendo uma irmã que nem meia-irmã era, mas irmã de criação, e com quem ele tinha um caso amoroso problemático, que envolvia a traição e desprezo dela por ele. E fazia o tipo fracassado ou azarado. No fim, distraída com Sayid tornado seu amante, estivera afastada do acampamento e nem assistiu os últimos momentos de Boone, e ele não conseguiu dar o recado final para ela.
E nós, espectadores, sentimos muita pena de Boone.
Rio de Janeiro, 20 de outubro de 2020.
(Boone e Shannon na foto)
LOST episódio 20: morte em Lost
Miguel Carqueija
Num dos episódios mais sangrentos de “Lost”, Boone morre em consequência da leviandade de Locke, que o mandou subir no avião preso nos galhos. Ao cair junto com o pequeno avião o rapaz teve a sua perna esmagada, fato que enganará o Dr. Jack, pois ao carregar Boone até o acampamento o enigmático Locke só disse, mentirosamente, que este havia caído de um barranco durante a caçada ao javali.
Como sabe quem acompanhou os capítulos anteriores, Boone havia se tornado uma espécie de seguidor de John Locke, estando este obcecado pela ideia de penetrar numa espécie de alçapão encontrado em meio à floresta, e sem meios aparentes de abertura. Locke achava que a ilha diria um modo de abrir (?). Ele já age como se a ilha fosse um ser vivo, e nesta superstição impediu Boone de dizer aos demais o que eles estavam investigando; para todos os efeitos estavam caçando javalis sem nunca conseguir.
De fato a essa altura os espectadores ficam com raiva do velhote.
O filme faz outra retrospectiva de Jack, mostrando seu casamento e suas promessas de noivo, mostra-o de novo com seu pai, mas agora antes dos problemas que viriam depois. Jack, embora em tese seja o herói do seriado, é menos interessante que outros personagens.
Resenha do episódio 20 (Do no harm/Não faça nenhum mal) do seriado de televisão “Lost”. Touchstone Television, EUA, 2005. Criação: Jeffrey Lieber, J.J. Abrams e Damon Lindelof. Produção executiva: J.J. Abrams, Damon Lindelof, Jack Bender, Carlton Cuse e Bryan Burk. Co-produção executiva: David Fury e Jesse Alexander. Supervisão de produção: Javier Grillo-Marxuach. Produção: Edward Ktisis & Adam Horowitz, Leonard Dick, Sarah Caplan e Jean Higgins. Roteiro: Janet Tamaro. Direção: Stephen Williams. Música: Michael Giacchino. Fotografia: John Bartley.
Elenco: Naveen Andrews (Sayid Jarrah), Emilie De Ravin (Claire Littleton), Matthew Fox (Dr. Jack Shepard), Jorge Garcia (Hugo “Hurley” Reyes), Maggie Grace (Shannon Rutherford), Josh Holloway (James “Sawyer” Ford), Daniel Dae Kim (Jin Kwon), Yunjin Kim (Sun Kwon), Evangeline Lillly (Kate Austen), Dominic Monaghan (Charlie Pace), Terry O’ Quinn (John Locke), Harold Perrineau Jr. (Michael Dawson), Ian Somerhalder (Boone Carlyle), L. Scott Caldwell (Rose Henderson), Malcolm David Kelley (Walt). Também neste episódio: John Terry, Jack Ward e Julie Buwon.
“Me deixe ir, Jack.”
(Boone Carlyle)
“Ele não morreu. Foi assassinado.”
(Dr. Jack Shepard)
Não foi fácil assistir este episódio pelo muito de sofrimento físico que mostra. Além do acidente fatal com Boone, que Jack procura inutilmente reverter, o parto de Claire sem que o doutor possa assisti-la, o que termina sendo feito por Kate, improvisadamente. Os lances são altamente dramáticos. Claire, problemática, chega a querer atrapalhar o próprio parto por achar que o bebê a rejeitaria, já que no passado ela quis entregá-lo para adoção. A coreana Sun tenta ajudar Jack com suas ervas, mas tudo o que Jack faz se mostra inútil, por conta de uma informação errada de Locke. O machucado na perna não fôra causado por uma queda mas pelo esmagamento. E por isso o sangue se acumulava na perna, anulando os esforços de Jack e este pensa em amputá-la, o que torna ainda mais difícil assistir. Mas afinal Boone o convence e o libera de sua promessa (de salvá-lo). Boone entendeu que teria de morrer e se conformou. Mais uma vez “Lost” brinca com paralelos entre o passado e o presente dos protagonistas.
E, afinal, parece que fica uma vida por outra vida, ainda que o bebê de Claire, um menino, de fato já tivesse nove meses, estava na ilha desde o início do drama.
Não deixa de ser estranho ver Jack tentando de tudo (até transfusão de sangue) para socorrer todo mundo que tem problemas de saúde na ilha, com os poucos recursos médicos salvos do desastre. Ou todo mundo ainda inteiramente vestido, com sapatos etc.
Mas o que causa espécie é a atitude de Locke, pois após levar o agonizante Boone para o acampamento, desapareceu. Agora certo, pelas poucas dicas que Boone deixou escapar antes de morrer, e pela evidência da perna, que Locke possui grande culpa no que aconteceu, Jack, após a festinha do nascimento, afasta-se em direção à floresta. A Kate ele declara que Boone foi assassinado e quando a moça lhe pergunta o que irá fazer, o médico responde que vai atrás de Locke. E isto cria grande suspense para a continuação.
Por que terão sacrificado na trama Boone Carlyle, um dos 15 personagens principais? Não teria ele seus fãs? É verdade que Boone era um dos menos carismáticos, tendo uma irmã que nem meia-irmã era, mas irmã de criação, e com quem ele tinha um caso amoroso problemático, que envolvia a traição e desprezo dela por ele. E fazia o tipo fracassado ou azarado. No fim, distraída com Sayid tornado seu amante, estivera afastada do acampamento e nem assistiu os últimos momentos de Boone, e ele não conseguiu dar o recado final para ela.
E nós, espectadores, sentimos muita pena de Boone.
Rio de Janeiro, 20 de outubro de 2020.
(Boone e Shannon na foto)