Good Kill - Máxima Precisão (Good Kill)
Na sua luta contra o terrorismo, os Estados Unidos empregam drones nos ataques aos terroristas. Os pilotos dos drones, dentro de uma cabine, no deserto de Mojave, estado de Nevada, estão distantes milhares de quilômetros de seus alvos, localizados, estes, no Afeganistão, no Paquistão, no Iraque e em outros países berços de terroristas. Não visitam o campo de batalha, não olham nos olhos de seus inimigos; controlam joysticks, o olhar concentrado numa tela de computador; não arriscam a própria pele durante as incursões dos drones em território inimigo; a guerra é impessoal, assemelha-se a um jogo de videogame. Seus inimigos não são seres humanos, têm-se a impressão, seres reais, de carne e osso, de sangue; não são pessoas; são apenas personagens de um videogame.
O major Thomas Egan (Ethan Hawke), experiente piloto da força aérea americana, agora, protegido por uma cabine metálica localizada em território americano, empreende incursões, na pilotagem de drones, em território inimigo; nostálgico de seus anos de piloto de caças, amargurado, pergunta-se se está a ocupar-se de uma atividade meritória, ou se fôra reduzido a um covarde; seu drama destrói-lhe a alma, deprime-o; cumpre, maquinalmente, as ordens que seus superiores lhe descarregam no corpo, e no espírito, já combalido, de homem que não mais sabe qual é o propósito de seu trabalho, e tampouco o de sua vida. Sua postura, seu rosto sempre a transparecer a amargura que o consome, distante de sua esposa, Molly Egan (January Jones), e de seus filhos, inspira atritos com a sua consorte, que lhe sente a falta, não da presença física, pois, agora, piloto de drones, e não de caças F-16, ele está sempre presente na sua casa, em corpo, mas não em espírito. E desintegra-se a família do major Thomas Egan.
Embora Good Kill - Máxima Precisão caia na vala comum dos filmes protagonizados por um herói solitário que, num ato intemerato, decide confrontar o onipresente e onisciente sistema de poder estatal, indo contra pessoas que têm o poder de decidir o destino dos homens comuns, é notável a coragem, numa época em que o cinema se converteu em um planfeto ideológio da pior espécie, de seu diretor, Andrew Niccol, e de seus produtores e roteiristas, pessoas que tocaram, e com destreza, num tema sensível aos homens modernos: a desumanização do homem imerso num mundo de máquinas, que lhes roubam o espírito que os faz autênticos seres humanos. A guerra contra o terrorismo, empreendida pelos Estados Unidos e seus aliados após o 11 de Setembro, apenas empresta o enredo para se trabalhar um tema caro aos humanos, e desde sempre: A razão de viver.