LOST episódio 13: Locke e Boone

LOST episódio 13: Locke e Boone
Miguel Carqueija

Os tenebrosos mistérios que cercam os personagens angustiados de “Lost” ainda estão longe de serem esclarecidos. Nas excursões de caça à procura de javalis, acompanhado por Boone, Locke acaba por encontrar uma espécie de alçapão no chão, abrindo-se para sabe-se lá o que. Mas todas as tentativas que a dupla faz para abrir a tampa misteriosa falham. Paralelamente uma série de reminiscências desvenda afinal o passado dos estranhos irmãos Boone e Shannon, que vivem brigando e no fim das contas são somente irmãos de criação. O caráter mentiroso e calculista de Shannon fica então bem claro. Bonita mas cavilosa, ela pôde se aproveitar do irmão e em conluio com um amante arranjado na Austrália, extorquir dinheiro de Boone. Mas o golpe sai pela culatra ao ser abandonada pelo amante, que leva todo o dinheiro, não lhe restando senão pedir perdão ao irmão e oferecer a ele seu corpo (não sendo irmãos de sangue, lembrem). E mesmo isso ela não mantém. Assim se explica a birra entre os dois, Boone ama Shannon, um amor frustrado e desprezado.


Resenha do episódio 13 (Hearts and minds/Corações e mentes) do seriado de televisão “Lost”. Touchstone Television, EUA, 2004. Criação: Jeffrey Lieber, J.J. Abrams e Damon Lindelof. Produção executiva: J.J. Abrams, Damon Lindelof, Carlton Cuse e Bryan Burk. Produção: Sarah Caplan e Jean Higgins. Roteiro: Carlton Cuse & Javier Grillo-Marxuach. Direção: Rod Holcomb. Música: Michael Giacchino. Fotografia: Michael Bonvillain.
Elenco: Naveen Andrews (Sayid Jarrah), Emilie De Ravin (Claire Littleton), Matthew Fox (Dr. Jack Shepard), Jorge Garcia (Hugo “Hurley” Reyes), Maggie Grace (Shannon Rutherford), Josh Holloway (James “Sawyer” Ford), Daniel Dae Kim (Jin Kwon), Yunjin Kim (Sun Kwon), Evangeline Lillly (Kate Austen), Dominic Monaghan (Charlie Pace), Terry O’ Quinn (John Locke), Harold Perrineau Jr. (Michael Dawson), Ian Somerhalder (Boone Carlyle), L. Scott Caldwell (Rose Henderson), Malcolm David Kelley (Walt). Também neste episódio, Charles Mesure, Adam Leadbeter, Kelly Rice.


“O cara é uma anomalia da natureza, com sérios distúrbios.”
(Charlie Pace sobre John Locke)

“Se existe uma pessoa nesta ilha que acredito que poderia nos salvar a todos, essa pessoa seria John Locke.”
(Charlie Pace)


Sempre acontecem algumas tramas paralelas, como a interação do coreano Jin e do Hurley pescando. Hurley, volumoso em exagero, é um personagem patético e jocoso. Para agradar a Jin aceita comer um marisco qualquer que lhe causa nojo e vomita em seguida. Os dois acabam amigos mesmo sem se entenderem no idioma, o que é uma grande coisa considerando o caráter algo anti-social e reservado de Jin.
Estranha mesmo é a alucinação que Locke provoca em Boone aplicando-lhe uma pasta num ferimento, só para fazê-lo crer que Shannon havia morrido e sentir-se aliviado com isso, para depois descobrir que ela continua viva. Boone sente-se liberto da paixão doentia e não correspondida por Shannon. Na verdade esse estranho par não é dos mais importantes na trama. E o misterioso monstro da ilha volta a aparecer, na verdade sem ser visto. É apenas alguma coisa terrível que avança por trás das árvores, provocando uma grande sensação de pânico.
Cada vez mais Locke, muito bem interpretado por Terry O’Quinn, vai se destacando na série, como um personagem que de fato faz diferença. E bem mais carismático que o médico Jack Shepard.

Rio de Janeiro, 26 de abril de 2020.