Mulheres no Front, de Valerio Zurlini

Mulheres no Front, de Valerio Zurlini

Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy

Clássico do cinema europeu de vanguarda da década de 1960"Mulheres no Front" é uma denúncia sempre oportuna de todas as formas de tirania contra as mulheres. Foi rodado em 1965. O enredo é uma apologia à resistência, contra todas as tiranias. Ao longo da ocupação italiana na Grécia, durante a 2ª Guerra Mundial, mulheres gregas se alistam em bordéis frequentados por soldados italianos. O enfrentamento direto do inimigo, sob a forma disfarçada de colaboração, foi artifício utilizada em vários países, a exemplo da França. O papel das mulheres na resistência francesa foi heroico e comprometido.

Em “Mulheres no Front” a grega Elenitza (Anna Karina) revela ao tenente italiano Gaetano Martino (Thomas Milian) que tivera um sonho: os gregos ocupavam a Itália, e entre as mulheres italianas prostituídas estava a irmã do tenente.... A inversão dos fatos provoca a compreensão do que fazemos, na medida em que reconhecemos o que não queremos que façam conosco. É um mínimo ético que marca alguns padrões da tradição humanista ocidental.

A fotografia de “Mulheres no Front” é impressionante; ao longo do filme as prostitutas são transportadas e entregues em vários campos localizados nas áridas paisagens do interior da Grécia. Valerio Zurlini revela o horror que o fascismo e os fascistas provocam em todos quantos amamos a liberdade. Anna Karina, que se destaca como a atriz principal nesse filme antológico, foi casada com Jean-Luc Godard. Nasceu na Dinamarca (em 1940). Forte personalidade, recusou-se a filmar nua. Thomas Milian, o tenente italiano nasceu em Cuba, atuou no cinema italiano e fez algum sucesso também no cinema norte-americano. Está para o cinema como Ítalo Calvino estaria para a literatura. Um nativo cubano que se destacou na Itália.

“Mulheres do Front” foi filmado vinte anos após o término da guerra. As feridas ainda não estavam cicatrizadas. Construído no contexto da guerra fria, enfrentava alguns problemas da guerra que o pudor hollywoodiano não se atrevia a discutir. Tem-se uma visão europeia do horror da guerra. É filme de enredo atemporal, porque permanente é a necessidade de denúncia dos regimes ditatoriais

Arnaldo Godoy
Enviado por Arnaldo Godoy em 04/03/2020
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