O homem invisivel (2020)
Suspense, terror, medo, revolta, injustiça. De cara o filme já começa com uma trilha sonora assustadora. Ficamos sem entender, como, tudo aquilo acontece e entramos no clima, somos sugados e mergulhamos naquela casa estranha, com vista para o mar de São Francisco, cercado por muros altos. Temos apenas aquela mulher aterrorizada, querendo sair dali, pular fora, enquanto um homem deitado na cama dorme sossegado.
Ficamos nos perguntando. Ela vai conseguir? Ou será seu fim. Eu me senti ali ao lado dela, que se arruma para a fuga e seu olhar na câmera do celular a imagem que mostra o seu marido deitado ainda na cama.
Dirigido por Leigh Whanell, que também reescreveu essa adaptação da obra de Herbert George Wellls publicada em 1897, em capítulos na revista semanal Pearson e depois lançada como Romance. Conta a estória de Griffin, um cientista de pesquisas óticas, que inventa uma maneira de mudar a refração de um corpo para que ele, não absorva e nem reflita luz e fique invisível. No livro ele faz o processo de invisibilidade, mas não consegue reverter e assim fica sempre invisível.
No filme de 1933 dirigido por James Whale, são introduzidas mudanças. Griffin ganha uma noiva, aparece o Dr.Cranley e The Man Invisible mata Kemp. No livro Kemp acha Griffin morto.
Houveram sequencias, The Invisible Man Returns (1940); The Invisible Woman (1940); Invisible Agent (1942) e The Invisible Man´s Revenge (1944).
Nesse filme de 2020, o personagem principal uma mulher Cecília Kass (Elisabeth Moss) está sendo atormentada por alguém que ela não consegue ver e que se infiltra na sua vida, após sua fuga de casa. Ela é acolhida por um policial James Lanier (Aldis Hodge) que mora com a filha. Cecília recebe uma herança em um inventário deixado por Griffin e lido por seu irmão, que é advogado e cuida da herança. É deixado U$ 5 milhões em parcelas de U$ 100 mil ao mês desde que ela não comenta crimes e nem perca o juízo.
É ai que entra o homem invisível que se pensa morto por todos, inclusive com um corpo encontrado e um suicídio possível. Mas a vida de Cecília não tem sossego nem um minuto. Parece uma pessoa louca, tudo em volta dela se desfaz e se destrói. O suspense faz com que fiquemos sem saber o que vai acontecer em cada cena. Muitas reviravoltas dramáticas. Em nenhum momento perdemos de vista a tensão e ficamos ligados como que hipnotizados pela sequencia marcante de situações chocantes. Bem trabalhada pelo diretor, um típico suspense aos velhos modos norte-americanos sem apelação, mas marcado pela sonoridade e pela ação.
O diretor australiano Leigh Whanell, também conhecido pelos roteiros de Jogos Mortais, ao lado do malaio James Wan já atuou em alguns filmes como Matrix Realoaded (2003).
Elisabeth Moss é uma atriz consagrada em séries como Mad Men, onde faz uma secretaria Peggy Olson em uma agência de publicidade dos anos 60, também atuou em The Handmaid´s Tale. Já foi premiada, como melhor atriz em série dramática (2017, 2018).
As reviravoltas no drama desse filme marcam um pouco, o que parece ser o objetivo do diretor, mexer com as emoções de quem assiste e deixar aquela curiosidade na cena seguinte. Não podemos dizer que a final feliz. Pode haver um pouco de justiça, de vingança, mas destinos são decididos para sempre.
Centrado em relacionamento conjugal, em controle, a película foge um pouco do foco da questão da invisibilidade para mostrar uma mulher querendo viver sua vida, se descolar de um homem possessivo. O cinema atual está carente de suspenses como esse. Não é preciso ficar segurando as cenas principais para o fim e fazer as pessoas percorrerem um filme por horas sem a gente perceber o que está acontecendo.
Em O Homem Invisível (2020) as situações são claras e nítidas e não se enrola muito, vai direto ao ponto principal. Distribuído pela Universal Pictures tem estréia marcada para 27 de fevereiro de 2020, uma quinta-feira logo após o carnaval e tem duração de 2h05m.
Publicado originalmente no blog: Carlos Emanuel: A voz da imparcialidade