YESTERDAY (2019)
Essa é a primeira vez que escrevo sobre um filme cuja trama principal é bem menos interessante que o seu pano de fundo. YESTERDAY é uma comédia romântica exatamente igual a centenas ou milhares de outras comédias românticas que existem por aí, mas o que realmente se destaca, e que faz valer a pena assistir ao filme, é o que se desenrola por trás do romance água-com-açúcar de sempre: O personagem principal, vivido por Himesh Patel, sofre um acidente e, devido a um estranho fenômeno global, acorda num mundo de 2019 alternativo, onde os Beatles nunca existiram. Essa premissa é tão genial quanto absurda, e é o que diferencia YESTERDAY de todas as comédias românticas feitas desde que o cinema é cinema. Acontece que o protagonista, que calha de ser um músico frustrado, percebendo que ninguém, além dele, conhece os Beatles, sumariamente apagados da existência, resolve cantar e gravar ele mesmo sucessos como “Let it be”, “Yesterday” e “Back to USRR”, tornando-se, quase que instantaneamente, o maior sucesso da música pop de todos os tempos. Algumas das melhores piadas do filme acompanham as mudanças que o protagonista é obrigado a fazer para adequar os clássicos dos anos 60-70 aos novos tempos, a pedido da gravadora. Uma delas é a alteração do nome da canção “Hey Jude” para “Hey Dude” ( ei, cara!), ou o impedimento de batizar o disco de “Cavalo Branco”, como o original dos Beatles, por questões étnicas num mundo dominado pelo politicamente correto.
YESTERDAY é uma comédia romântica com todos os clichês existentes em produções desse gênero. Com uma premissa tão interessante e encantadora, é realmente uma pena que o roteiro dê mais ênfase ao namorico que se estabelece entre o protagonista e sua amiga e empresária. O que sobra é, no máximo, uma divertida Sessão da Tarde que, com certeza, vai fazer você pensar em como esses quatro carinhas de Liverpool estão tão enraizados na cultura pop.