O romance da dupla Charles Boyer e Irene Dunne
O ROMANCE DA DUPLA CHARLES BOYER E IRENE DUNNE
Miguel Carqueija
Resenha do filme “Poema de amor” (“Love affair”, isto é, “caso de amor” no original). RKO, Estados Unidos, 1939. Produção e direção: Leo Mc Carey. Argumento: Leo & Milored Cram. Roteiro: Delmer Davis e Donald Ogden Stewart. Edição: Edward Dmytryk e George Hivley. Com Charles Boyer, Irene Dunne, Michael Marnay, Maria Ouspenskaya, Lee Bowman
Os filmes de Hollywood, inclusive das suas eras de ouro, digamos dos anos 30 aos anos 60, possuem um caráter meio pastoso, que parte de argumentos fracos e clichês melosos. Muitos são altamente prestigiados pela crítica e pelos historiadores do cinema, mesmo assim parecem bastante ultrapassados hoje em dia. Chegam a ser irritantes ao desvirtuarem o comportamento normal das pessoas.
Charles Boyer, mito da época, interpreta o “bon vivant” Michel Marnet, e a estrela Irene Dunne é Terry McKay. Eles se encontram a bordo de um transatlântico que segue rumo à América, mais exatamente Nova Iorque, onde o Empire State, na época o mais alto edifício do mundo, será um elemento importante. Só que ambos já estão comprometidos.
Fica claro que Michel é um ricaço que gosta de gozar a vida, mas que encontrará em Terry uma razão para se estabilizar. Combinam porém de se reencontrarem seis meses depois, para terem tempo de se desembaraçarem de seus compromissos... que as esperam no porto. Como isso ocorre não se sabe, e as coisas só se complicam por causa do desencontro forçado pelo atropelamento de Terry.
Como se vê uma tolice gigantesca servida por diálogos meio bobos além de cenas incompreensíveis. Tomemos o caso da avó do playboy, que vive sozinha na ilha da Madeira, tendo apenas a cadela collie Jacque. Michel e Terry desembarcam na ilha para visitar aquela senhora, que aprecia muito a moça cantora, porém tempos depois Michel volta lá sozinho, não encontra ninguém (nem a cadela) e vai embora. Um vizinho entrega a ele uma correspondência para Terry, é só isso. Ele nem agradece. Nenhuma explicação sobre a morte da avó e o paradeiro da cadela.
A cena final então é piegas, longa e insuportável.
Jogador de beisebol e fumante (os astros de Hollywood costumavam fumar desbragadamente nos filmes, eram umas chaminés e provavelmente a indústria do fumo tinha lá seus interesses), Michel admite nunca ter trabalhado. Quando resolve trabalhar vai ser pintor de cartaz. Declara para Terry não ter respeito pelas mulheres que conheceu (sic).
No fundo a fita passa a mensagem meio materialista de viver a vida, encontrar o príncipe e a princesa encantada, do “glamour” de uma existência de fantasia, só não de todo alienada porque Terry, presa á cadeira de rodas, dedica-se às crianças.
Esse abacaxi é classificado como “obra-prima” numa crítica que encontrei na internet.
Rio de Janeiro, 3 de fevereiro de 2020.
O ROMANCE DA DUPLA CHARLES BOYER E IRENE DUNNE
Miguel Carqueija
Resenha do filme “Poema de amor” (“Love affair”, isto é, “caso de amor” no original). RKO, Estados Unidos, 1939. Produção e direção: Leo Mc Carey. Argumento: Leo & Milored Cram. Roteiro: Delmer Davis e Donald Ogden Stewart. Edição: Edward Dmytryk e George Hivley. Com Charles Boyer, Irene Dunne, Michael Marnay, Maria Ouspenskaya, Lee Bowman
Os filmes de Hollywood, inclusive das suas eras de ouro, digamos dos anos 30 aos anos 60, possuem um caráter meio pastoso, que parte de argumentos fracos e clichês melosos. Muitos são altamente prestigiados pela crítica e pelos historiadores do cinema, mesmo assim parecem bastante ultrapassados hoje em dia. Chegam a ser irritantes ao desvirtuarem o comportamento normal das pessoas.
Charles Boyer, mito da época, interpreta o “bon vivant” Michel Marnet, e a estrela Irene Dunne é Terry McKay. Eles se encontram a bordo de um transatlântico que segue rumo à América, mais exatamente Nova Iorque, onde o Empire State, na época o mais alto edifício do mundo, será um elemento importante. Só que ambos já estão comprometidos.
Fica claro que Michel é um ricaço que gosta de gozar a vida, mas que encontrará em Terry uma razão para se estabilizar. Combinam porém de se reencontrarem seis meses depois, para terem tempo de se desembaraçarem de seus compromissos... que as esperam no porto. Como isso ocorre não se sabe, e as coisas só se complicam por causa do desencontro forçado pelo atropelamento de Terry.
Como se vê uma tolice gigantesca servida por diálogos meio bobos além de cenas incompreensíveis. Tomemos o caso da avó do playboy, que vive sozinha na ilha da Madeira, tendo apenas a cadela collie Jacque. Michel e Terry desembarcam na ilha para visitar aquela senhora, que aprecia muito a moça cantora, porém tempos depois Michel volta lá sozinho, não encontra ninguém (nem a cadela) e vai embora. Um vizinho entrega a ele uma correspondência para Terry, é só isso. Ele nem agradece. Nenhuma explicação sobre a morte da avó e o paradeiro da cadela.
A cena final então é piegas, longa e insuportável.
Jogador de beisebol e fumante (os astros de Hollywood costumavam fumar desbragadamente nos filmes, eram umas chaminés e provavelmente a indústria do fumo tinha lá seus interesses), Michel admite nunca ter trabalhado. Quando resolve trabalhar vai ser pintor de cartaz. Declara para Terry não ter respeito pelas mulheres que conheceu (sic).
No fundo a fita passa a mensagem meio materialista de viver a vida, encontrar o príncipe e a princesa encantada, do “glamour” de uma existência de fantasia, só não de todo alienada porque Terry, presa á cadeira de rodas, dedica-se às crianças.
Esse abacaxi é classificado como “obra-prima” numa crítica que encontrei na internet.
Rio de Janeiro, 3 de fevereiro de 2020.