Quando se ouve com os sinais do coração

Introdução:

A resenha não vai enfocar apenas os aspectos descritivos ou informativos, e sim tentar fazer uma avaliação ou crítica de um filme, levando em consideração os estudos e trabalhos desenvolvidos sobre o tema, questionando e destacando alguns aspectos julgados importantes, num roteiro que pretende facilitar a pesquisa, mesmo sabendo e respeitando outras opiniões, que sempre serão bem-vindas.

Segundo o Art 4º do Decreto Federal do Brasil nº 5.296/2004, inciso II - deficiência auditiva - perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz.

Desenvolvimento:

Logo no início do filme “Meu nome é Jonas” (EUA, 1979) um médico diz para os pais que o seu filho deve ser tratado como um retardado. Portanto, trata-se de uma história de uma família de classe média americana que tem dois filhos, sendo o mais velho, por nome de Jonas, surdo, que passou alguns anos sendo tratado num hospital para tratamento de pessoas com retardo mental. Três anos depois ele volta para casa e lhe fazem uma grane festa de recepção. O pai alerta a todos que o menino não ouve. É surdo. Levado á uma fonoaudióloga, é sugerido o uso de um aparelho para surdez, que deve ser pendurado no peito. O pai não gosta da idéia e acha horrível aquele trambolho amarrado na criança.

Depois, num primeiro almoço, a família reunida percebe uma atitude diferente de Jonas. O irmão mais novo não gosta de ervilhas e fala. Jonas não sabe falar, e a única alternativa que encontra é a jogar as ervilhas no chão. O menino vai sofrendo dificuldades de adaptação, o que o mantém quase que completamente alheio ao ambiente social no qual se encontra. A mãe começa a levá-lo à escola de educação de surdos, onde é proibido o uso de sinalização, para que o aluno tente falar e ler lábios.

Durante leitura de revista em quadrinhos, Jonas vê uma história com o boneco do Homem Aranha pela primeira vez, e toma um susto. Pensa que o herói é um ser do mal, pelas imagens confusas. Inclusive, posteriormente, ele vai colocar esse boneco no forno do fogão e queima.

Na escola, Jonas é mais velho que os demais e sem nenhum treinamento anterior, por isso seu aprendizado é muito lento e ineficiente. A professora pergunta à mãe no que ela acredita, sobre a recuperação e o desenvolvimento dele. Ela diz: “eu não sei”. Por conta desses problemas o casal começa a se desentender, mas a mãe de Jonas não desiste. Num dia, ao levá-lo á feira, ele gosta muito do movimento e das peripécias do avô materno. Num outro dia o pai o leva a um jogo de beisebol, sofrendo perseguição r discriminação dos amigos do pai. Num outro almoço Jonas repete o mesmo gesto de jogar a comida no chão, porque ainda não sabia expressar o seu sentimento quando não gostava do alimento. De tanto se chatear e perder a paciência, numa atitude covarde, o pai abandona a casa. A mãe continua a luta sozinha. Num certo dia, no meio da rua, ele vê um carrinho de “hot dog”, mas não sabe o que é, chamando a mãe para mostrar e perguntar do que se tratava, porém, o carrinho já havia ido embora. Ele fica nervoso e grita, fazendo com que a mãe lhe dê umas tapas.

Quando o seu avô morre, é que ele começa a fazer uma ligação com o boneco do Homem Aranha, e passa a entender o que era a morte. Numa manhã ele pega um ônibus e vai sozinho no local onde o avô trabalhava, levando o casco de uma tartaruguinha morta para a sua avó, simbolizando a morte do seu avô. Só em fazer esse trajeto, o filme já mostra que houve uma evolução mental estruturada. Na volta ele se perde e vai parar num hospital, sofrendo pequenas torturas, quando as pessoas o amarram, pensando que ele era louco. Sabendo do ocorrido, a mãe vem buscá-lo e esclarece que ele é somente surdo.

Conversando com outra mãe na escola, ela descobre que existem outros métodos de ensino para surdos, e que poderia ser a língua de sinais, como foi informada por uma família de pai e filho surdos, que se comunicavam daquela forma. A mãe de Jonas vai com esse casal ao clube de surdos, e conhece mais pessoas com aquele tipo de deficiência, sinalizando e se comunicando, sem problemas. Quando ela fala com a diretora da escola que Jonas frequentava, ela não aceita, mas mesmo assim a mãe decide tentar, inclusive aprendendo também a Língua de Sinais com o outro irmão mais novo de Jonas, abrindo novas perspectivas e descoberta do mundo, a partir desse método de comunicação.

À medida que foi acontecendo a inclusão social, outras possibilidades e estudos de reflexões sobre o mundo dos surdos – deficientes auditivos, foram surgindo na vida daquela família, tentando reduzir a discriminação da sociedade com esse grupo especial de pessoas, mostrando que ele não quer ser visto com piedade, e sim descobrindo e incentivando novas práticas, mostrando que são apenas pessoas que se utilizam de outra forma de linguagem na comunicação, que não é apenas mímica, e sim um movimento para mudança de vida e aceitação normal no meio social.

Conclusão:

Gostamos do tema do filme, que nos deixou bastante emocionados, por lembrar-nos daquele homem que deixou a família por causa do nascimento de um filho que apresentou uma deficiência auditiva. Encontramos uma falha gritante no filme, quando não mostrou depois o pai de Jonas vendo aquela evolução de comunicação e felicidade em seu filho, após ter descoberto um novo e mais interessante mundo, ao poder se comunicar com as outras pessoas através da língua de sinais. Infelizmente, ainda hoje existe discriminação em toda parte com as pessoas que apresentam algum tipo de deficiência nos quatros sentidos, bem como na coordenação motora, mas quem sabe as gerações possam ir corrigindo essas idiossincrasias durante os próximos tempos.

REFERÊNCIA:

Filme: Meu nome é Jonah. Direção e produção: Richard Michaels.(1979).