Cruzada (Kingdon of Heaven – 2005 – Ridley Scott)
Cruzada (Kingdon of Heaven – 2005 – Ridley Scott)
Sempre que possível gosto de ver o filme da qual vou comentar mais que uma vez. E foi justamente o que ocorreu com Cruzada. Ao vê-lo no cinema fiquei intrigado e ao mesmo tempo pensativo dos pontos positivos e os negativos do filme, que ao rever agora tive mais clarificações.
Certamente os mais perceptivos espectadores vão achar que a mensagem soa meio piegas e algumas partes do longa se mostram forçadas. O que não acontecia em Gladiador aqui se mostra de forma clara e legível. Não se quer fazer um filme de época retratando fielmente momentos e respeitando sua historicidade, mas sim mandar uma mensagem clara e digna em forma de filme. O que também não acontecia a Gladiador era o ataque a um sistema de governo e sim uma tentativa de mensagem sobre o ser humano.
O desenrolar começa em meados do século 1100 quando a campanha das cruzadas tinha Jerusalém sobre seu comando e o rei Saladino liderando o exército mulçumano estava prestes a conquistar a cidade.
Aqui que conhecemos o Barão de Ibsen que vai em busca de seu filho deixado para trás (na Europa). Conhecemos, então, Balian (Orlando Bloom) que vai ser o protagonista da epopéia humanista.
Aqui começamos a ver a mensagem clara do diretor que conjuntamente com o roteirista alcançam um feito único. Colocar uma mensagem na superfície do filme sem que com isso ele fique desastroso em suas pretensões.
Primeiro vemos a perfeita noção de que o “proteja o rei” e se o rei não mais existir, “proteja o povo”, cai como uma luva no juramento de “grandes” cavaleiros da antiguidade que ligeiramente esquecendo de seus juramentos agem como que carniceiros. Como determinado governante atual.
Depois vemos o que ao longo do filme algumas pessoas tentam fazer em prol da paz, através de conversas, diplomacia e atitudes cônscias de sua importância para o todo. O que também é esquecido por alguns “grandes” cavaleiros. Como determinado governante atual faz.
Vemos os comandantes dos dois lados mais preocupados com seus soldados e com o número de mortes que com a possível vitória, que apesar de ter que ser alcançada é sentida com todo o peso. O que determinado governante atual não liga a mínima.
Uma ou duas cenas do filme nos mostra como que através da liderança de homens honrados as batalhas não sucedem e poupam a vida de centenas de milhares de pessoas o que no fundo não é o que acontece com as intolerâncias e raivas que vemos atualmente. O que determinado governante totalmente desconhece, o conceito de humanidade.
Cruzada, que infelizmente veio com essa tradução porca, é uma mensagem clara e limpa para um determinado governante que como os carniceiros do filme ignora qualquer coisa que se aproxime de moderação, conhecimento, diplomacia, tato, sensibilidade e responsabilidade. Apenas determinando decisões em prol de seu bolso e o bolso de seus “comparsas”. A luta que antes era religiosa, agora é econômica o que faz certo personagem do filme perder todo o tesão pelo que faz. E assim nós perdemos toda o respeito e a tolerância com esse energúmeno que comanda o maior império já visto mundialmente em qualquer historia registrada. Mas como os que ainda resistem, temos que tirar nossas paciências do fundo e nunca partir para o nível macaquístico do bucha. Ou quase isso.