LOST episódio 7: o drama de Charlie

LOST episódio 7: o drama de Charlie
Miguel Carqueija

Charlie queria ser um “deus” do rock. Entretanto, sendo católico, lutava com graves problemas de consciência. No “flash-back” de sua vida, mostrado neste episódio, vê-se como ele buscou um padre no confessionário para contar que havia tido relações sexuais com uma garota, depois com outra, depois assistido as duas terem relações entre elas. E isso porque, sendo cantor e músico numa banda de rock, vivia num ambiente muito perigoso e cheio de tentações. Mas aí aparece o seu irmão e o puxa de novo para uma vida agitada. Um irmão viciado em cocaína. Tempos depois a coisa se inverte: enquanto seu irmão mais velho casa, afasta-se do conjunto, tem uma filha e vive de forma mais normal, é Charlie agora que se encontra dependente da cocaína. Esse vício o acompanha para a ilha de “Lost”, onde ele se apega aos últimos saquinhos da droga. É Locke quem procura afastá-lo do vício. Charlie também se sente desprezado, ninguém parece confiar nele, por causa de seu físico franzino e sua personalidade instável e insegura. Mas neste episódio ele será testado.


Resenha do episódio 7 (The moth/A mariposa)do seriado de televisão “Lost”. Touchstone Television, EUA, 2004. Criação: Jeffrey Lieber, J.J. Abrams e Damon Lindelof. Produção executiva: J.J. Abrams, Damon Lindelof e Bryam Burk. Produção: Sarah Caplan, Jean Higgins. Roteiro: Jennifer Johnson e Paul Dini. Supervisão dos efeitos especiais: Kevin Blank. Direção: Jack Bender. Supervisão de produção: Christian Taylor e Javier Grillo Marxuach. Música: Michael Giacchino. Fotografia: Larry Fong.
Elenco: Naveen Andrews (Sayid Jarrah), Emilie De Ravin (Claire Littleton), Matthew Fox (Dr. Jack Shepard), Jorge Garcia (Hugo “Hurley” Reyes), Maggie Grace (Shannon Rutherford), Josh Holloway (James “Sawyer” Ford), Daniel Dae Kim (Jin Kwon), Yunjin Kim (Sun Kwon), Evangeline Lillly (Kate Austen), Dominic Monaghan (Charlie Pace), Terry O’ Quinn (John Locke), Harold Perrineau Jr. (Michael Dawson), Ian Somerhalder (Boone Carlyle), L. Scott Caldwell (Rose Henderson), Malcolm David Kelley (Walt). Christian Bowman como Seteve; Dustin Witchman como Scott; Glenn Cannon como Priest.


“Há muitas tentações que acompanham esse estilo de vida.”
(Charlie Pace)

“Não deveríamos ter sobrevivido.”
(Sayid Jarrah)


Um dado deveras interessante em “Lost” é que, apesar de a maior parte dos mais de 40 náufragos não ter grande participação, os 14 (mais ou menos) principais são mais ou menos equivalentes em importância, seu protagonismo é bem grande e há episódios que sublinham mais este ou aquele, de modo que o herói (em tese), o médico Jack, nem sempre é a figura principal. Aqui ele de fato fica mais obscurecido, até literalmente, pois é vítima do desabamento de uma caverna e permanece soterrado durante horas, sendo salvo a duras penas graças à ação de Michael, Kate e principalmente Charlie, que consegue ir até ele (justamente por ser magro) e descobrir uma saída apontada por uma mariposa. E Locke, que parece ter algum sentido misterioso dos acontecimentos, falara a Charlie do milagre que é o nascimento de uma mariposa.
Charlie livra-se do vício da cocaína. Isto parece meio inócuo, pois ao queimar a reserva restante ele não faz senão apressar o inevitável, pois não haveria mais na ilha. Fora isso, o caráter cafajeste de Sawyer, que parece não ter grande apreço pelo médico, volta a se manifestar. “Lost” é uma série que consegue realmente prender a atenção. Um fenômeno do recente cinema de seriados de tv.

Rio de Janeiro, 21 de novembro de 2019.