A FRONTEIRA (2007)
A FRONTEIRA, de 2007, é uma produção francesa realizada no auge do movimento New French extremity, movimento surgido na França no começo dos anos 2000, que rivaliza com o Torture porn americano. Esse movimento é formado exclusivamente por filmes extremos, com violência nível hard e quantidade abundante de sangue esguichando. Os personagens apresentados são pessoas de mente desequilibrada, a linguagem é extremamente agressiva, com críticas político-sociais permeando as entrelinhas. Se não me falha a memória, eu já resenhei aqui dois filmes do New French Extremity, A INVASORA, de 2007 e MARTIRS, de 2008.
A trama de A FRONTEIRA toma emprestado as manifestações populares ocorridas na França entre 2005 e 2006, nas quais a polícia foi responsabilizada pela morte de dois estudantes. Em meio a esse caos um grupo de jovens precisa fugir de Paris depois de praticar um roubo. Entre eles está Yasmine, uma jovem grávida que pretende usar a parte que lhe coube no assalto para fazer um aborto em Amsterdam, na Holanda. Para isso ela e seus parceiros precisam atravessar Paris, tomada por revoltas populares, e assim chegar até a fronteira. No trajeto, feito de automóvel, eles resolvem parar numa espécie de pousada para pernoitar. O que eles não sabem nem desconfiam é que o estabelecimento é administrado por uma família de neonazistas canibais.
A FRONTEIRA é dirigido por Xavier Gens, que depois desse filme foi chamado pelos americanos para filmar na terra do tio Sam. O problema é que lá, limitado pelo controle dos estúdios, Xavier só produziu coisas sofríveis, como HITMAN-ASSASSINO 47 e EXORCISMOS E DEMÔNIOS. Aqui, em A FRONTEIRA, com espaço pra trabalhar, ele entrega um espetáculo vigoroso de violência e sangue, onde o espectador tem pouco tempo pra recobrar o fôlego. A barbárie explode na tela de uma forma quase ininterrupta. As cenas de morte são muito bem feitas, todas elas são elaboradas com maquiagem e efeitos práticos, nada de computação gráfica. Por baixo de toda essa sangria Xavier, que também é o roteirista, encontra espaço para falar de política, aborto, xenofobia e objetificação da mulher. A FRONTEIRA é uma obra indicada somente para os fãs hardcore do gênero terror, pessoas muito sensíveis ou de estômago fraco devem passar bem longe.