As bandidas

AS BANDIDAS
Miguel Carqueija

Resenha do filme “Bandidas” (França/EUA/México, 2006). Europacorp TF1 Filme Production, Canal+TPS Star. Distribuição: 20th Century Fox. Produção: Luc Besson e Ariel Zeitoun. Direção: Joachim Roenning e Espen Sandberg. Roteiro: Luc Besson e Robert Mark Kamen. Música: Eric Sena. Ideia original de Penélope Cruz e Salma Hayek.

Elenco:
Maria Álvarez...................................Penélope Cruz
Sara Sandoval...................................Salma Hayek
Quentin............................................Steve Zahn
Jackson.............................................Dwight Yoakam Tyler
Ashe.................................................Denis Arndt
Clarissa.............................................Audra Blaser
Bill Buck............................................Sam Shepard
Don Diego.........................................Ismall “East” Carlo
Pedro................................................Carlos Cervantes
Padre Pablo......................................José Maria Neeri
Bernardo..........................................Lenny Zundel

Faroeste cômico e bastante escrachado, passado no México, mostra duas foras-da-lei que na verdade são justiceiras, Maria e Sara, cujas respectivas intérpretes pouco se distinguem fisicamente uma da outra. Elas vivem em níveis diferentes, Sara é filha de banqueiro e Maria de fazendeiro, ambas órfãs de mãe. Nem se conheciam, pois Sara estudara dez anos na Europa.
O mundo de ambas desaba quando um vilão norte-americano, o banqueiro de New York, Jackson, enrola Don Diego (o pai de Sara) e obtém o controle do banco mexicano, partindo daí a oprimir os moradores locais com extorsivos juros de empréstimos. A coisa é mal explicada, mas basta dizer que os pais de Sara e de Maria acabam sendo assassinados e daí as duas mulheres se aliam com o apoio do Padre Pablo e se tornam foras-da-lei, as “bandidas” do título, e iniciam uma carreira da assaltantes de banco. Por métodos heterodoxos conseguem o apoio de Quentin, o detetive científico que a princípio representa uma ameaça contra elas.
Há cenas picantes quando Sara e Maria capturam Quentin e o colocam em situações embaraçosas e até disputam entre si qual das duas beija melhor. É uma cena sem-vergonha e imprópria para menores, mas sem sexo e teoricamente justificada por estarem ambas agindo em defesa própria e de uma causa justa. É o que se chamaria uma “pornografia leve”. A bem da verdade o filme não é pornográfico; é só uma comédia escrachada, felizmente sem palavrões e conversas sujas.
A trama acaba envolvendo quando esquenta a briga com o vilão, culminando numa luta em câmara lenta dentro de um trem. A cena final é ótima. Em suma, com ressalva para as cenas eróticas e certas pontas soltas, é uma película que acaba sendo interessante.
No bônus que acompanha, Penélope Cruz e Salma Hayek revelam que tinham a intenção de filmar juntas e levaram a ideia ao produtor Luc Besson, que é também o co-roteirista.
Ah, sim: depois que abandonam as pesadas roupas femininas do século 19 por calças compridas de pistoleiras, as duas protagonistas ficam ótimas para a trama.

Rio de Janeiro, 18 a 20 de setembro de 2019.