AVENGER episódio final: o triste adeus

AVENGER episódio final: o triste adeus
Miguel Carqueija

No sombrio, estéril e desolado mundo de Marte, próximo à cúpula desenrola-se o drama decisivo para a humanidade que migrou para o planeta vermelho. Volk e Layla (a Vingadora do título) enfrentam-se no duelo final. E se toda a jornada de Layla pelos intermináveis caminhos de Marte chega agora ao seu objetivo, não se pode porém afirmar que ela quer a vingança pela vingança, pois Volk, que se considera o protetor de Marte (mesmo impondo seu governo ditatorialmente), perseguiu-a o tempo todo e também à menina Nei, antes considerada uma androide ou “doll” (boneca) mas que já se sabe ser de fato uma menina humana (a única nascida em Marte nos últimos dez anos). Sendo a única sobrevivente da nave vinda da Terra e derrubada por ordem de Volk, Layla não tem opção porque o próprio Volk é o desafiante e ele não pretende apenas ganhar a luta, mas matar Layla...


Resenha do episódio 13 (“Externo”) do seriado japonês de animação “Avenger” (Vingadora). Estúdio Beetrain/Xebec, 2003. Produção: Shinichi Ikeda, Kôji Morimoto e Tetsurõ Satomi. Direção: Koichi Mashimo. Música de Ali Project.
Elenco de dublagem:
Layla Ashley..................................Megumi Toyoguchi
Volk...............................................Hiroshi Yanika
Westa............................................Sumi Shimamoto
Nei.................................................Mika Kanai
Speedy...........................................Shinichito Yanaka
Garcia............................................Katsuyuki Konichi


“Você, o pecado do passado, a criança deixada como repreensão e por arrependimentos.”
(Volk)

“Vinte anos atrás Volk começou a andar na trilha dos demônios. É uma estrada sem fim e sem retorno.”
(Westa)

“A técnica de luta de Layla é a mesma dos Doze Originais, incluindo Volk.”
(Garcia)

“Eu estou certa de que esta terra vermelha que rejeita tudo aceitará gentilmente nossos corpos para permitir novos brotos e um crescimento gentil.”
(Westa)

“Layla Ahsley, isso tudo é graças a você. Nenhuma criança nasceu na cúpula. Mas Nei nasceu numa família bárbara. Ela era a nossa última esperança, e agora aquela esperança foi concretizada.”
(Westa)


Ao término deste dramático e pungente seriado, inúmeras incógnitas se levantam como uma das séries mais mal resolvidas na história dos animês, não obstante as muitas qualidades.
Por que Volk queria eliminar Layla? Só porque ela representava uma acusação viva do seu crime do passado?
Quem eram os pais de Nei? Que fim levaram?
Por que Nei foi confundida com uma boneca (doll) ou seja uma androide? E se ela não era uma androide, como o Mestre Speedy pôde “consertá-la”?
De onde veio a água que inunda uma parte da região ainda durante o combate Layla versus Volk? E por que a cúpula desabou?
De onde veio a Lua Vermelha que assombra o horizonte marciano durante toda a história?
Por que Layla, vitoriosa, e mesmo sendo cumprimentada por Westa, vai simplesmente embora sem nem se despedir de Nei, a quem ela cuidava maternalmente? Tudo o que ela diz — suas últimas palavras , dirigidas a Speedy — é: “Faça como quiser”.
Terminada sua missão, a Vingadora terá ido se suicidar? A cena da vinheta que inicia os episódios, onde ela pega uma adaga no chão e a aponta para o peito — cena essa que não aparece nos episódios — será o modo como termina a sua vida? Mas por que?
Como Marte iria ser povoado por novas gerações? Algo a ver com as enigmáticas palavras de Westa, uma das Doze Originais, mas que torcia por Layla, e que fala nos corpos dos adultos sendo aceitos pela terra vermelha (Marte)? E as cruzes que aparecem no final, espalhadas num cemitério, vendo-se apenas as silhuetas de três crianças? Mas como iria crescer uma geração sem adultos?
E de qualquer forma, Nei não seria mais velha que as crianças que viessem, no mínimo dez anos?
E o simpático Mestre Speedy, que sem obrigações específicas acompanhou Layla e Nei naquela perigosa peregrinação e forneceu o pouco de humor na série tétrica — o que ele fará de sua vida agora?
Apesar de ser uma série que prende a atenção do princípio ao fim, todos esses mistérios me deixaram perplexo.

Rio de Janeiro, 4 de setembro de 2019.