Era uma vez.. em Hollywood
Entrar no cinema é algo sempre diferenciado. A atmosfera nos leva a vivenciar o afastar-se da vida cotidiana. Apartar-se dos afazeres que nos comprimem, que nos sujeitam como seres humanos e nos fazem apenas seguir em frente.
No filme de Quentin Tarantino, somos levados a viver os bastidores dos sets de filmagens de filmes de faroeste da década de 60. Rick Dalton (Leonardo de Caprio) e Cliff Booth (Brad Pitt), chamam a atenção para suas vidas distantes economicamente falando e sua aproximação humanamente falando.
Rick, um ator em busca de se afirmar, morando em Hollywood, vizinho a atriz Sharon Tate ( Margot Hobbie). Cliff dublê e motorista e faz tudo de Rick.
Temos o diretor Tarantino brincando com clichês e gêneros que até o perseguem. Ao falar de western ele revive outros filmes como Kil Bil e Django Unchaneid e a sua própria origem por parte de mãe, Índia xeroki.
Ao retratar a ida de Rick a fazer pastelões de faroestes italianos ele sintetiza algo vindo do seu pai, em forma genética.
Com 56 anos e agora prestes a ser pai pela primeira vez da sua união com a cantora israelense Tzvika Pich, o diretor fez uma bela película que não retrata bem ao pé da letra tudo que aconteceu em 1969, por exemplo, ao tornar a "familia Manson", como uns hippies que viviam em uma sociedade alternativa. Na realidade Charles Manson criou um grupo ao seu redor de supremacistas brancos, em uma guerra racial, na tentativa de matar negros, mas que para chamar atenção se voltava contra a vida luxuosa e artística de Hollywood.
Agora, o filme ganha no aspecto ambientação, caracterização de personagens e introdução do público no universo da época.
Destaques para a sensualidade madura de Brad Pitt, que ao servir o patrão, ele busca se adequar a um personagem totalmente leal e submisso, que tem suas andanças pela cidade de Los Angeles, em seu caminho diário, ao alimentar e se relacionar com a sua cachorrinha de estimação, ao ser paquerado pela "garota"
Rick quer ser reconhecido pelo seu talento como ator e se mete a aventuras em busca da aceitação do cinema a sua pessoa.
O filme não segue uma lineariedade, ele é recortado entre esses três personagens e o mundo ao seu redor. Sharon Tate, a beleza e sedução natural, que mostra vida glamourosa, porém sem ostentação, em meio a ociosidade da presença de Roman Polanski.
No fim Tarantino nos surpreende com a sua própria contação e criação da história, em forma de um final paralelo. Que nos mostra grande violência e pelas transformações no enrendo da trama.
Temos ainda Bruce Lee em confronto com Cliff, algo que alguns os críticos não gostaram. Mostrando o mestre do kung fu de um maneira pecularmente arrogante.
Mas temos belas participações como a de Al Pacino, ator consagrado fazendo breve aparição.
A vida imita a arte, mas nem sempre a arte imita a vida. O certo é que a magia do cinema nos leva a vivenciar algo belo quando estamos diante de uma tela, dentro daquele ambiente diferenciado.