LOST episódio 1 primeira temporada: o desastre

LOST episódio 1 o desastre
Miguel Carqueija

No ano de 2004 a Touchstone, empresa cinematográfica norte-americana subsidiária da Disney (criada no tempo de Cardon Walker, se não me engano) lançou uma série misteriosa que logo se tornou coqueluche internacional. “Lost” (ou “Perdidos”) lida com o improvável, ou seja, que um avião caia numa ilha tropical desconhecida e dezenas de pessoas tenham de sobreviver por lá em meio a conflitos pessoais e mistérios à volta, sem que venha o socorro.
No rastro de “Arquivo X”, “Lost” teria um componente de angústia acompanhando os episódios.
Logo no início aparece aquele que, aparentemente, será o herói: o Dr. Jack, médico cirurgião (Matthew Fox), relativamente jovem e cujo rosto ensanguentado é visto na cena inicial, jogado em alguma parte da mata insular, mas em seguida ele corre até a praia, onde estão a maior parte dos sobreviventes, além dos cadáveres, e até uma mulher dando à luz. E logo ele já lidera as ações para socorrer as pessoas e evitar mais desastres, pois os destroços do avião ainda oferecem perigo, com uma turbina que suga um homem, uma peça da fuselagem que cai, fogo e explosão.
Embora sejam mais de 40 sobreviventes só alguns aparecem com destaque no começo, o que é natural: tanta gente sobrecarrega a narrativa. No entanto os produtores e seus auxiliares conseguiram boas interpretações e uma amostragem interessante de vários personagens que irão demonstrar importância na trama. Entretanto o grande tema não é a história de um naufrágio mas o clima sobrenatural que envolve o seriado. E isso se percebe numa cena extremamente nervosa e confusa, quando Jack, Kate e Charlie (o músico do grupo Drive Shaft) vão até o destroço da cabina de pilotagem, em outro ponto da ilha, descobrem o piloto ainda vivo porém logo algo enorme e furioso (que parece ter sido anunciado por sons estranhos que todos na praia ouviram) começa a sacudir aquela fuselagem e todos fogem ser ver direito o que era (e tampouco é mostrado na tela) só que o piloto não se salva e seu corpo é encontrado em miserável condição.
O que haveria por lá? Algo semelhante ao King Kong?


Resenha do episódio 1 (Pilot 1) do seriado de televisão “Lost”. Touchstone Television, EUA, 2004. Produção executiva: J.J. Abrams, Damon Lindelof e Bryam Burk. Produção: Sarah Caplan. Roteiro: J.J. Abrams e Damon Lindelof. Supervisão dos efeitos especiais: Kevin Blank. Direção: J.J. Abrams. Música: Michael Giacchino. Fotografia: Larry Fong.
Elenco: Naveen Andrews (Sayid Jarrah), Emilie De Ravin (Claire Littleton), Matthew Fox (Dr. Jack Shepard), Jorge Garcia (Hugo “Hurley” Reyes), Maggie Grace (Shannon Rutherford), Josh Holloway (James Ford), Daniel Dae Kim (Jin Kwon), Yunjin Kim (Sun Kwon), Evangeline Lillly (Kate Austen), Dominic Monaghan (Charlie Pace), Terry O’ Quinn (John Locke), Harold Perrineau Jr. (Michael Dawson), Ian Somerhalder (Boone Carlyle), L. Scott Caldwell (Rose Henderson).


“Já remendou uma calça jean?”
(O Dr. Jack Shepard a Kate Austen, ao pedir que lhe costure o ferimento nas costas)


A interação dos personagens representa, é claro, boa parte do charme da série. A química de Kate (Evangeline Lilly) com o Dr. Jack é bem mostrada quando ele pede que ela costure as suas costas dilaceradas. Sem dúvida Jack é um sujeito centrado e Kate também. Charlie (Dominic Monaghan), que tenta mostrar a eles quem é cantarolando uma canção de seu grupo musical, parece mais vulnerável. Tem um tal de Sawyer, rapaz branco que parece um elemento sinistro e, como frisado nos comentários do bônus do DVD, ele aparece em silêncio, fumando, sua mensagem é o silêncio. Tem o casal coreano, com o marido machista que ordena à esposa silenciosa para ela não se importar com os outros e segui-lo para aonde ele for. Tem o rapaz negro com seu filho, e um cachorro perdido porém visto em algumas cenas. Tem o rapaz gordo mas prestativo, um casal jovem que parece ter problemas de relacionamento, um careca que fica meio à parte, é algo misterioso e parece gostar de apanhar chuva. Tem uma senhora negra com ares místicos.
Em suma, as três etnias principais do globo, biótipos diferentes, assim como idades, profissões, personalidades, nacionalidades. A diversidade dos personagens torna a série muito promissora.

Rio de Janeiro, 12 de agosto de 2019.