AVENGER episódio 10: a tragédia do passado

AVENGER episódio 10: a tragédia do passado
Miguel Carqueija

Finalmente a origem de Layla Ashley é revelada. No passado uma nave espacial fugiu da Terra em face da catástrofe causada pela misteriosa lua vermelha que agora ameaça Marte (algo que fica sem explicação). Entretanto Volk, líder da colônia de Marte e um dos “Doze Originais”, agindo como ditador mandou destruir a nave, como vingança por ter a colônia sido abandonada pela Terra. Cross, outro dos doze originais, salvara uma criança: Layla. Ele a criara por anos, treinando-a em luta para que pudesse sobreviver. Depois a deixara por sua conta e risco. Layla tornara-se uma lutadora e campeã de torneios, mas agora peregrinava pela desolada paisagem marciana buscando a vingança. Algo estranho nesta série é o caráter anacrônico do figurino dos personagens que, embora vivam num futuro tecnológico, vestem-se como se fossem gregos ou romanos da Antiguidade. Enquanto Volk, com sua armadura, parece mais um soldado romano, Cross aparenta ser um espartano ou coisa parecida.


Resenha do episódio 10 (“Congelado”) do seriado japonês de animação “Avenger” (Vingadora). Estúdio Beetrain/Xebec, 2003. Produção: Shinichi Ikeda, Kôji Morimoto e Tetsurõ Satomi. Direção: Koichi Mashimo. Música de Ali Project.
Elenco de dublagem:
Layla Ashley..................................Megumi Toyoguchi
Volk...............................................Hiroshi Yanika
Westa............................................Sumi Shimamoto
Nei.................................................Mika Kanai
Speedy...........................................Shinichito Yanaka
Garcia............................................Katsuyuki Konichi


“Residindo nos solitários sonhos inconcebíveis”
(do tema musical de abertura)

“Ela era uma flor muito forte protegida por espinhos afiados.”
(Westa)

“O inimigo... o inimigo de todos... é Volk!”
(Layla Ashley)

“Você não desistiu de sua vingança?”
(Cross)

“Eu vivo para derrotar Volk.”
(Layla)


A moral de “Avenger” (Vingadora) é muito difícil de analisar, de tal maneira as motivações dos personagens são encobertas. O clima de “Avenger” é de todo inusitado, inclusive a introspecção dos personagens, apenas Mestre Speedy é um pouco mais desinibido. Numa troca de palavras sintéticas de Layla com Cross, Speedy comenta: “Eu nunca vi Layla falar tanto.” E ela na verdade pouco falou. Volk é sombrio, rosto escondido pelo elmo, Westa é econômica em suas palavras quase sussurradas. Por que esse clima tão pesado na civilização marciana? Por que o anacronismo das roupas e construções? Por que Volk, um astronauta-colono, se tornou naquilo? Layla é uma figura estranhíssima, em seu mutismo e sua feição fechada e impassível, que porém revela ter em si alguma ternura na sua afeição por Nei, que agora já sabemos, não é uma boneca mas uma menina de verdade, ainda que com algum implante mecânico.
Cross, que fôra um pai adotivo para Layla, vai em seu encalço depois que ela resgatou Nei. Cross a ataca na desolação marciana, dizendo ser ele Volk, não no sentido de que ela pudesse acreditar, mas no sentido de que ele era um dos Doze Originais, representando portanto o poder de Volk, identificando-se com Volk para que Layla o matasse no lugar de Volk, realizando assim o seu desejo de vingança. Isso me parece mais caso de psiquiatria, e é evidente que Layla, matando Cross em legítima defesa, não desistirá de acertar contas com Volk. Entretanto, desde que foi salva por Layla e Speedy a pequena Nei vem passando mal e se encontra muito fraca. A cada passo a situação se torna mais dramática...

Rio de Janeiro, 7 de julho de 2019.