Séries. Quem não ama uma boa série? Quando merece uma maratona, a gente simplesmente delira.
Que tal uma súper dica? Os carcereiros.  Série brasileira, dessas que a gente enche a boca pra dizer que é nacional, e é show. Sem querer mas já comparando, dá um banho em muita produção estrangeira. 
Cenário, fotografia, figurino impecável, personagens de uma sensibilidade que chega a dar vontade de entrar na ficção, puxar uma cadeira e bater um papo daqueles que só se tem com amigos chegados. Sabe o que você sempre teve curiosidade para saber, como é o dia a dia desses empresários corruptos, como os ladrões reagem a essa gente que aqui fora manda e desmanda; o que acontece de verdade?
Como é suportar estar numa cela lotada,  vindo do luxo das mansões, se é que isso acontece, mas são tantas as situações que até mesmo o impensável pode acontecer. As histórias nas prisões acontecem num tempo diferente daqui de fora, tudo lá é muito intenso, os hormônios estão a mil, cabeça quente e reação. 

Adriano o personagem de Rodrigo Lombardi,  é graduado em História, e também é o  carcereiro que representa a voz de vários outros; ele reconta as memórias que chocam justamente por serem reais, e também porque sabemos que nesse exato momento elas  estão se repetindo. Adriano  tem um profundo senso de justiça, empatia, um cara bom caráter que está trabalhando para sustentar a família;  filho de um ex carcereiro, ele conhece bem o universo  dos presídios. 

A sensação é de que estamos espiando cenas tantas vezes apresentadas nos jornais, só que desta vez podemos ouvir várias versões. Não há preso de confiança, fala um carcereiro de verdade, pessoas reais fazem depoimentos curtos ao acaso, durante os episódios. Mas são tão relatos fortes, com tanta emoção que complementam a narrativa; abrem espaços para a reflexão. Nada é por acaso, não há pontas soltas nesta série.






Nos  presídios perde-se mais que a  liberdade, perde-se a dignidade ou além; o ser humano se confunde e esquece as próprias raízes, o querer e sentir deixam de existir. Ele torna-se um número ou apelido. E está sozinho. 
O sistema subjuga e oprime, não existe reabilitação. Não existe preso bom ou ruim, existem presos  que fazem o que precisam fazer para sobreviver. ‘’Aqui dentro, todos são capazes de tudo’’, fala de carcereiro. 




Infelizmente não existem tantas pessoas com esse senso humanitário que é o fio condutor do personagem de Rodrigo Lombardi, que de tão intenso e apaixonado, deixa-se levar por um amor bandido. Embalado pela canção de Tiê, ‘’Deixa queimar’’, o carcereiro e a prisioneira  Érika, vivida por Letícia Sabatella, embarcam num intenso romance.
Como resistir? Impossível não se deixar levar, não perder o fôlego e torcer pelo casal. Amor bandido que a gente sabe que nunca têm final feliz, mesmo assim não custa sonhar com a delicadeza de Érika. 




Carcereiros tem um elenco talentoso, atores convidados que só acrescentam à trama, que já é tão sensível e reproduz com perfeição o roteiro escrito por  Marçal Aquino e Dennison Ramalho. Com a colaboração de Marcelo Starobinas, foi  inspirada no livro homônimo de Dráuzio Varella . A direção artística é de José Eduardo Belmonte.

 
Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 26/04/2019
Reeditado em 26/04/2019
Código do texto: T6632963
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.