Entre os muros da escola
A relação do professor François é bastante intensa com os alunos, tendo em
vista que ele tenta ensiná-los além do conteúdo de francês. Em especial, ao observar,
durante o filme, a relação com uma aluna em especial, a aluna Khoumba a qual o
professor solicita que ela faça a leitura do capítulo do livro e ela o responde de forma
insolente dizendo que não é obrigada. De fato, essa situação desperta em nós,
professores, o questionamento acerca do que é o aluno obrigado ou não a fazer em
sala de aula, no entanto, sabemos que a sala de aula é um momento de partilha de
conhecimento, bem como um momento de ouvir o aluno, como ele consegue fazer
uma leitura, como ele consegue compreender além do que ler, ou seja, a interpretação
textual. E, ao se posicionar dessa forma, a aluna demonstrou pouco interesse em
contribuir de forma benéfica com o andamento da aula que já estava previamente
elaborada pelo professor. Por isso, ao responder de forma ríspida e insolente ao
professor, ele se exaltou reiterando que, na sala de aula, ele é que detém o poder de
dizer quem deve e quem não deve contribuir com a o andamento da aula. Acontece,
porém, que essa questão referente ao domínio da turma e das ações dos alunos é
bastante delicada, tendo em vista que o aluno, muitas vezes, não gosta de ler ou não
gosta de ler em público, além de que ele se sente, na maioria das vezes, constrangido.
Nesse ínterim, nós, professores, precisamos elaborar meios de conseguir despertar no
aluno esse hábito de ler, ler em voz e, principalmente, o prática em relação ao respeito
pelo professor.
O professor do filme quis tentar uma espécie de conversa com a aluna
Khoumba, partindo do pressuposto de que o diálogo é sempre o melhor caminho, até
mesmo para escutar os possíveis problemas que estejam desencadeando essa
situação constrangedora. Ao final da aula, o professor solicitou que só a aluna
Khoumba, a qual havia sido insolente com ele anteriormente, permanecesse em sala
de aula a fim de que essa conversa fosse para ensiná-la acerca do respeito com o
próximo e, principalmente, sobre a conscientização de reconhecer que errou e pedir
desculpas.
De fato, a aluna, de forma grosseira, continuou a tratar o professor de uma
forma intrigante a fim de chateá-lo cada vez mais e prejudicar essa relação. O
professor, por sua vez, percebeu que a aluna estava diferente com ele, tendo em vista
que eles eram próximos e ela sempre foi muito disposta a ajudar em sala de aula, bem
como contribuir para o andamento da turma. No entanto, como bem questionou o
professor, havia acontecido algo para que a aluna pudesse, depois das férias, ver
aquele professor não mais com os mesmos olhos de amigo e, sim, como uma espécie
de carrasco.
Após muita insistência do professor, a aluna pediu desculpas a ele por seu
erro em sala de aula. No entanto, como retratou o filme, a aluna não fez esse pedido
de desculpa de forma espontânea e de coração, pelo contrário, disse e ironizou esse
ato. Além disso, vale ressaltar que a aluna Khoumba escreveu uma carta ao professor,
ou seja, gostaria de lhe dizer muitas vezes, mas, no entanto, não queria insistir nessa
situação pessoalmente e resolvera escrever uma carta e isso, também, é muito atual.
Desse modo, nessa carta, ela utilizou palavras fortes como o “respeito” um
pelo outro e, assim, ela ficou sentando em outro local da sala a fim de que não mais
tivesse que dirigir à palavra ao professor ou que ele tivesse os mesmos hábitos de
solicitar que ela fizesse a leitura. O professor respeitou a decisão dela, bem como
passou a tratá-la da forma que a aluna queria, sem necessariamente precisar passar
por momentos de constrangimento quando fora solicitada a leitura.
Os dias se passaram e o professor continuou respeitando o espaço da aluna
e, principalmente, ela respeitou o dele. E, assim, eles se reaproximaram, pois ela
participou da aula nos últimos momentos do filme, demonstrando amadurecimento e
crescimento frente à perspectiva errônea de haver perseguição ao aluno por parte dos
professores. Além disso, essa situação gera a reflexão acerca de como nós,
professores, estamos, muitas vezes desatentos aos problemas diário, como o que estava ocorrendo com a aluna.