O HOMEM QUE VIU O INFINITO

Resenha/opinião

Dia desses tive a oportunidade de assistir o filme em epígrafe, uma biografia romanceada de Srinivasa Ramanujan, um matemático indiano que mudaria o rumo das fórmulas da complexa ciência dos números a partir do século XX.

Embora a crítica especializada pareça ter subvalorizado a obra,começo opinando que não se trata dum filme para ser visto uma só vez, posto que é repleto de grandes mensagens filosóficas.

Como uma perene metáfora de vida feita de pérolas, dessas que nos permeiam pelos nossos caminhos.

É preciso sensibilidade e atenção em cada movimento da tela para entender a sinopse mensageira.

Simples e delicada, embora grandiosa no conteúdo humanístico, nos faz viajar pela observação e pelo pensamento através dum delicado cenário de época apresentado numa poética linguagem fotográfica de colorido artístico algo vintage.

O proposição do conteúdo da obra, a despeito de nos contar sobre a genialidade da percepção matemática exata e intuitiva do infinito numérico de Ramanujan, trabalha toda a antítese fatídica da nossa condição humana no planeta e todas as diferenças que nos são impostas quando a questão é a auto- valorização de si no contexto social do outro.

Um tema para todo o sempre...

O filme me encantou do começo ao fim e eu poderia escrever um compêndio sobre o que senti, todavia apenas citarei as mensagens que mais me tocaram e vou me abster de resenhar toda a história da tela num convite para que vejam ou revejam a obra.

Segue minha impressão sobre o todo:

-É sempre obrigatório buscar nossos sonhos, mesmo que nos seja preciso atravessar os oceanos de mares revoltos. Sonhos existem para ser concretizados.

-Foco, coragem, persistência e resiliência são ferramentas indispensáveis aos barcos da vida.

-A Ciência não tem dono, pertence à Humanidade; e a cada tempo um gênio é incumbido de intuí-la e desvendá-la ao mundo.

Então, "é sempre urgente publicar!".

- O dom é algo intrínseco ao ser e pode sim ser soprado aos nossos ouvidos na calada da noite, como um verso que pulsa a necessidade de ser escrito e soado.

-Nossos dons são compromissos, sagradas doações provisórias a ser praticados para o bem do todo.

-Embora já se saiba que “Deus não joga dados” alguns mistérios ainda não estão catalogados nos livros de teses de doutoramentos.

-É preciso aprender a escalar e desarmar a “grandiosidade do outro” sem, no entanto, desmerecer nossos talentos.

-Um aperto de mão é um dos atos mais íntimos de respeito à essência do outro. Negar-lhe a mão é desvendar ao mundo exterior a infelicidade de si mesmo.

-A fé é um DIREITO HUMANO e não uma objeção à Ciência.

-Ao verdadeiro professor é dado o dom de desvendar talentos, bem como a douta percepção e a gratificante aceitação de que seu discípulo pode ser melhor que o mestre naquilo que faz.

- Acreditar em si não é exercício de superioridade, mas sim o primeiro e necessário passo para as nossas necessárias realizações.

-Não é mister se desculpar pelos talentos.

-A humildade de espírito desarma as armadilhas dos arrogantes e remove as montanhas dos caminhos.

-Bullying é perene chaga da Humanidade. É o ocultismo do buraco negro das trevas.

-A arrogância, sempre muito frágil, é arma que precocemente nos mata sem dar chance à verdadeira alegria interior dos verdadeiros encontros.

-A vocação é missão que cobra incessantemente nossa pró -atividade pela vida.

-Missão auto-revogada cobra grande fatura: é como o negar da própria essência para todo o sempre.

-Toda grandeza encenada pelos pedestais do Homem é só ficção das insanidades humanas.

-A genialidade é auto-sustentável;não precisa ser lustrada tampouco comprovada por silogismos.

-A ciência sem humanidade é como um barco sem carta de propósito.

-O verdadeiro amor espera e comemora todas as vitórias. Quando fica…sempre vai junto!

-O amor de mãe pode ser egoísta mas, paradoxalmente, é sempre por excesso de amor.

-Cartas missivas eram preciosidades poéticas que conversavam com as almas ansiosas das gentes. A tecnologia engoliu a poesia do esperar…

-A gente nunca volta o mesmo para o que deixou para trás.

-A amizade, dom do espírito, é um laço de plenitude transformadora que dispensa todas as “grifes da matéria”.

-Tuberculose ainda existe e voltou a matar no mundo, a despeito do evoluir da Ciência. Se você tosse por mais de três semanas, dê atenção ao tal sinal.

-A morte pode não ser o fim, mas apenas o recomeço duma reciclagem do conhecimento do espírito que, através da Ciência, tende a se multiplicar ao INFINITO (finito na atual dimensão!) do tempo do Homem.

...e o mais curioso: a despeito do tudo a gente nunca sabe de nada...