'Rush' James Hunt x Niki Lauda

A Rivalidade entre o festeiro James Hunt e o metódico Niki Lauda está entre as maiores na história da F-1.

O Filme Rush No Limite Da Emoção, entrou em cartaz no Brasil no dia 13 de setembro de 2013, para retratar como a temporada de 1976 fez de Niki Lauda x James Hunt a rivalidade mais quente da história da Fórmula 1.

O filme do diretor Ron Howard mostra uma concorrência nascida originada nas categorias de acesso à F-1(o que de fato não aconteceu, porque ambos só se conheceram na Fórmula 1), descrevendo a linha paralela de carreiras do austríaco (Niki Lauda) acertador de carros e do agressivo piloto inglês, sendo este considerado, um "bon vivant". O grande palco da trama ocorre na temporada de 1976, quando Hunt (McLaren) vence o campeonato por um ponto, de virada, semanas após o acidente que quase tirou a vida de Lauda (Ferrari) no GP da Alemanha, realizado em Nürburgring, no circuito chamado de O Cemitério.

"Rush" explora em exagero, se tratando de um choque violento entre personalidades distintas e entre duas formas bem particulares de viver o automobilismo. James Hunt tinha uma, digamos teoria de que o melhor jeito de viver a vida, era como se cada dia fosse o último.

Os personagens de Lauda (Daniel Brühl) e Hunt (Chris Hemsworth) são unem pela obsessão de ser o melhor nas pistas. O estilo de vida antagônico dos protagonistas colidem em embates nas pistas, provocações nos boxes e bate-bocas nas calorosas reuniões oficiais de pilotos antes das provas.

Hunt é um piloto inglês, adepto de bebidas alcólicas e drogas, sempre cercado de mulheres exuberantes, que parte para cima de qualquer beldade (com sucesso), de enfermeiras a aeromoças. Mesmo nos boxes, o festeiro vive entre cigarros e álcool. O filme não ignora seu talento como piloto, ainda que ressalte um traço de inconsequência na obsessão pelo primeiro lugar.

Lauda é filho de uma rica família austríaca, que rejeita o futuro como homem de negócios em nome da aventura no automobilismo. Certinho, metódico e sem a habilidade de Hunt no trato com as pessoas (criticando a própria escuderia Ferrari dentro de Maranello dizendo que o carro não prestava), o piloto constrói na F-1 a reputação de um especialista de engenharia. É um competidor capaz de tirar o máximo tecnicamente de cada carro e de deixar seus mecânicos esgotados com tanto trabalho.

Em 1976, Lauda era o campeão defensor e dispara na liderança após as primeiras etapas. No meio da temporada, Hunt protagoniza uma impressionante reação e acirra a disputa. Este cenário se abala com o grave acidente do austríaco no GP de Nurburgring, quando ficou um tempo dentro do carro em meio a chamas. No hospital, o piloto da Ferrari chegou a receber a extrema-unção de um padre, mas se recuperou, mesmo apresentando muita dor. Toda a pesada atmosfera destes anos de mortes na F-1 é bem reproduzida no filme.

Lauda ressurge no circo da F-1 seis semanas depois do acidente, com o rosto parcialmente desfigurado. Se recoloca na disputa pelo título. Na corrida final, no Japão, o austríaco contava com três pontos de vantagem sobre Hunt, mas abandonou a prova em razão da forte chuva, por segurança. O inglês encarou os riscos da pista molhada com arrojo. No fim, conseguiu o terceiro lugar que bastava para ganhar seu único campeonato mundial [já Lauda se aposentaria em 1985 como tricampeão].

Responsável pelo vencedor de Oscar "Uma Mente Brilhante" e pelo sucesso de bilheteria "O Código da Vinci", Ron Howard consegue elevar o nível de "Rush" através das ótimas sequências de pista. Assim como fizera com as cenas espaciais em "Apollo 13", o cineasta atingiu um requinte técnico muito próximo da realidade nas disputas em velocidade, com ótimo som e câmeras rentes ao asfalto. No entanto, não deixa de emprestar ao filme uma porção carregada de sentimentalismo, em traço clássico do cinema de entretenimento americano.

Agora os aficionados por Fórmula 1 esperam que a rixa entre Senna e Prost migre do documentário, formato em que já foi retratada, para a ficção. Assim os multicampeões podem reivindicar o trono de maior rivalidade da F-1, no clima de guerra experimentado nos boxes da McLaren do final dos anos 80. Por enquanto, a magia do cinema confere este troféu a Hunt e Lauda.

FILME MOSTRA DIRETORES DA McLAREN CORNETANDO FITTIPALDI

"Rush" apresenta na tela algumas referências ao Brasil, dentro do universo da Fórmula 1. No grid de largada do Grande Prêmio de Interlagos de 1976, por exemplo, o filme mostra passistas de escola de samba dançando entre os carros, com o batuque a todo vapor.

Mas a menção mais curiosa ao Brasil no filme vem em uma reunião de James Hunt com a cúpula da McLaren, antes da temporada de 1975. Os diretores da equipe ofendem Emerson Fittipaldi, que na época acabara de trocar a escuderia britânica pelo sonho da própria equipe, a Coperscucar.

Vinicius Moratta
Enviado por Vinicius Moratta em 06/04/2019
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