Sem explicação
SEM EXPLICAÇÃO
Miguel Carqueija
Resenha da novela “Sem memória”, de André Carneiro. Nova Coleção Fantástica n° 5, Edições Hiperespaço, junho de 2005. Capa: Cerito. Apresentação: Cesar Silva.
O conhecidíssimo André Carneiro, autor de imaginação brilhante, resolveu escrever uma noveleta de mistério onde o clima de história policial oculta o “nonsense” de uma situação insolúvel, na qual a realidade termina por se misturar com a fantasia. A equação não se fecha e a narrativa termina com mais incógnitas do que quando começa.
A estranheza do texto torna difícil a sua análise para os leitores de mente cartesiana do século XXI. Não temos muito por onde nos basear na história de Teodoro Silva, um homem que perdeu a lembrança de todo o seu passado e não tem certeza do próprio nome; entretanto trabalha numa empresa de aparelhos eletrônicos. Por alguma razão há pessoas em sua volta que o conhecem, e às quais ele não tem coragem de dizer que perdeu a memória.
Também é um tanto estranho que não percebam que ele sofre de amnésia. A história é maior do que o texto, o que parece ter sido a intenção do autor: lançar uma porção de pistas — Erene e seu pai, Pablo, Lafuz, os inimigos — e não esclareceu nenhuma, incluídos aqui o dinheiro e o outro nome com que Teodoro era conhecido. Há também, com certeza, conotações políticas, a um nível digamos freudiano, como se o trauma de um período ditatorial pedisse o esquecimento do que realmente havia acontecido. Em suma, uma novela desconcertante e aberta a muitas interpretações possíveis.
Rio de Janeiro, 1 a 3 de agosto de 2010.
SEM EXPLICAÇÃO
Miguel Carqueija
Resenha da novela “Sem memória”, de André Carneiro. Nova Coleção Fantástica n° 5, Edições Hiperespaço, junho de 2005. Capa: Cerito. Apresentação: Cesar Silva.
O conhecidíssimo André Carneiro, autor de imaginação brilhante, resolveu escrever uma noveleta de mistério onde o clima de história policial oculta o “nonsense” de uma situação insolúvel, na qual a realidade termina por se misturar com a fantasia. A equação não se fecha e a narrativa termina com mais incógnitas do que quando começa.
A estranheza do texto torna difícil a sua análise para os leitores de mente cartesiana do século XXI. Não temos muito por onde nos basear na história de Teodoro Silva, um homem que perdeu a lembrança de todo o seu passado e não tem certeza do próprio nome; entretanto trabalha numa empresa de aparelhos eletrônicos. Por alguma razão há pessoas em sua volta que o conhecem, e às quais ele não tem coragem de dizer que perdeu a memória.
Também é um tanto estranho que não percebam que ele sofre de amnésia. A história é maior do que o texto, o que parece ter sido a intenção do autor: lançar uma porção de pistas — Erene e seu pai, Pablo, Lafuz, os inimigos — e não esclareceu nenhuma, incluídos aqui o dinheiro e o outro nome com que Teodoro era conhecido. Há também, com certeza, conotações políticas, a um nível digamos freudiano, como se o trauma de um período ditatorial pedisse o esquecimento do que realmente havia acontecido. Em suma, uma novela desconcertante e aberta a muitas interpretações possíveis.
Rio de Janeiro, 1 a 3 de agosto de 2010.