CONTATO (1997)
Em minha opinião, CONTATO, de 1997, é o melhor filme de ficção científica da década de 90, quiçá de todas as décadas, e por três motivos: ele segue o caminho oposto ao da maioria das produções do mesmo gênero que usam e abusam de efeitos especiais, alienígenas monstruosos e roteiros mirabolantes; aborda, de forma lúcida, uma questão polêmica que é o antagonismo entre fé e ciência; e, finalmente, leva o espectador a uma jornada, não através do espaço sideral, mas através de si mesmo.
Baseado no livro homônimo de Carl Sagan, astrofísico americano, falecido em 1996 durante as filmagens, nas quais estava atuando como consultor, CONTATO narra a história de Ellie Arroway (Jodie Foster), uma cientista que sempre se questionou sobre a existência de civilizações extraterrestres. Um belo dia a resposta chega: com origem na distante estrela Vega, chega à Terra um sinal cifrado, e Ellie é a primeira a captá-lo, e a única disposta a seguir a mensagem alienígena. Esta é a sua grande chance de fazer contato, mesmo que para isso tenha que colocar sua vida em risco.
O ótimo roteiro, feito a duas mãos por James V. Hart e Michael Goldenberg, apresenta diálogos interessantíssimos, permeados de temas como a existência de Deus, religião, fé, ateísmo e solidão. A escolha do elenco foi muito acertada. Jodie Foster está ótima como a cientista ateia, que julga a fé como algo vazio e sem sentido. Os pontos altos do filme são sustentados, em grande parte, por sua maravilhosa atuação. A cena da viagem, por exemplo, é simplesmente magnífica. É uma das melhores atuações de sua carreira, senão a melhor, e que lhe rendeu o Globo de Ouro de melhor atriz de Drama. Juntos com Foster estão também os bons atores Mathew macConaughey, Tom Skerrit, Angela Bassett, James Woods, John Hurt e David Morse.
A direção de Robert Zemecks, da trilogia DE VOLTA PARA O FUTURO, e que foi escolhido após a desistência de George Miller, da série MAD MAX, é segura e competente. Ele optou por uma narrativa bem fiel ao livro, e o resultado não poderia ter sido melhor. Contato é um Sci-Fi com uma história inteligente, bem conduzida, sem clichês e efeitos especiais sofisticados, e que nos leva a refletir sobre uma questão que atormenta a raça humana há séculos: será que estamos sozinhos no universo?