ROMA - AMOR
(Por Érica Cinara Santos)
Então, cá estou, ainda impactada pelo que foi capaz de me provocar o filme que assisti neste final de semana: ROMA.
É certo que tenho observado um grande frisson da crítica sobre esse último trabalho do diretor mexicano, Alfonso Cuarón. Mas eu, como boa geminiana que sou, preferi “pagar” pra ver.
E vi....e, a cada movimento de câmera, fui me apercebendo arrebatada pela sutileza com que todo o contexto da obra foi mexendo com as mais profundas das minhas emoções.
Não, não é uma superprodução cinematográfica. Na verdade, visivelmente, não há grande tecnologia sendo utilizada para lapidar o trabalho visual. Em ROMA, o que se enxerga é pura arte. Arte na fotografia, arte na sensibilidade com que a trama vai se desenhando. Arte sob inúmeros aspectos.
A impressão que se tem ao apreciarmos esse trabalho semi-autobiográfico (segundo o que diz a crítica) de Cuarón é que o roteiro nos olha gentilmente, pega suavemente em nossas mãos e nos leva para um passeio nos recantos mais íntimos da alma humana.
Não há meios, por exemplo, de não sair completamente apaixonada por Cleo, a empregada doméstica cuja fortaleza interior provoca uma comoção asfixiante. O nó na garganta é inevitável. E a vontade de abraça-la e acolhe-la nos convida a uma reflexão inadiável. Quantas “Cleos” existem por aí? Quantas já passaram ou passam pelas nossas vidas, inclusive, não apenas como secretárias do lar, mas em outros inúmeros papéis? Quanto de Cleo temos em nós? Quantas Cleos tiveram as vidas ceifadas em outra tragédia quase anunciada em Brumadinho na última sexta feira?
Há muito mais perguntas do que respostas, quiçá. Mas, creio, a maior preciosidade que pude captar ao assistir Roma e concordar com todas as indicações ao Oscar que recebeu é a seguinte conclusão: procuramos pelo AMOR, muitas vezes, em lugares tão distantes de nós, quando toda magnitude desse sentimento está pulsando dentro de cada um e nos contextos aparentemente mais simplórios e rotineiros do dia-dia.
Sejamos, portanto, mais presentes em nossas próprias vidas!
Obs.: Não que o Oscar seja uma chancela necessária para dar a ROMA os louros que merece. Mas, certamente, vou torcer para que leve pra casa o maior número de estatuetas que puder....rsrs