A CASA QUE JACK CONSTRUIU (2018)

Eu não sou muito fan de Lars Von Trier. Na minha modesta opinião ele é muito pretensioso, misógino, machista e insano; Vive supervalorizando suas obras, fazendo um marketing exagerado de si próprio. Porém, existem algumas produções de sua curta filmografia (13 filmes) que merecem atenção. A CASA QUE JACK CONSTRUIU, de 2018, é uma delas. A história do filme é ambientada na década de 1970, e mostra a trajetória de um psicopata, o personagem-título (Matt Damon, sensacional), que no espaço de doze anos comete mais de sessenta assassinatos. A película é dividida em capítulos, nos quais vamos acompanhando a carreira sanguinária do serial killer, narrada pelo próprio. Jack se acha um artista e considera seus crimes hediondos verdadeiras obras primas, idéias que ele defende com extrema convicção. As detalhadas descrições dos assassinatos fornecidas pelo psicopata são de gelar o sangue. Tem uma cena mesmo, com uma criança, que pelo amor de Deus! É de abalar qualquer cristão. O nível de gore é altíssimo, o sangue rola solto, com uma veracidade impressionante. Lars Von Trier tem um quê de sádico, ele adora chocar, incomodar o público. Mas não pense que toda essa violência é despropositada. Dentro da proposta do filme ela é até justificável, e em certo momento a gente cria até uma certa conexão com o protagonista por conta de um humor negro presente, que gera algumas cenas absurdas, as quais acabam provocando risos no expectador. Mas isso é só durante os dois primeiros capítulos. Depois disso a violência vem acompanhada de um terror psicológico que, inevitavelmente, acaba destruindo qualquer ponta de simpatia que se tenha desenvolvido em relação ao personagem principal.

A CASA QUE JACK CONSTRUIU é, talvez, um trabalho autobiográfico de Lars Von Trier, revelado através de muita alegoria. O roteiro apresenta um texto verbalmente carregado, os diálogos são demorados, é possível que não agrade aqueles que gostam de histórias que se desenvolvem muito rapidamente, como os da atual geração ‘’ejaculação precoce’’. Enfim, é um trabalho com um viés filosófico e carregado de simbolismos, típico da filmografia de Lars Von Trier.

Bia Borges
Enviado por Bia Borges em 27/11/2018
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