AVENGER episódio 1: o prêmio

AVENGER episódio 1: o prêmio
Miguel Carqueija

O mistério envolve a protagonista de “Avenger” (Vingadora), série animê adulta de clima fatídico, uma ficção científica anacrônica, passada em distante futuro num planeta Marte colonizado pela humanidade, mas cuja colônia é agora uma terra de bárbaros, em roupas e costumes. Uma terra onde, por força do excesso populacional e escassez de recursos, não se permite que crianças nasçam e elas são substituídas pelas “dolls”, bonecas animadas e aparentemente desprovidas de vida verdadeira. As “dolls” não crescem e não morrem mas podem ser destruídas e jogadas fora. A colônia é governada por um regime de excessão chefiado por Volk e Westa, remanescentes dos “Doze Originais”. Marte é palco de frequentes combates, de futuristas gladiadores, e os desafios oficiais atraem atenção. Existem campeões em cada cidade e o planeta é assolado por violentas tempestades de areia e como que assombrado pela sua lua vermelha. Neste ambiente tenso e sinistro surge a lutadora Layla Ashley, com aparentes 18 anos (informação incompleta, pois o ano marciano é bem maior que o terrestre), que é misteriosa e itinerante.


Resenha do episódio 1 (“Domo” ou “Cúpula”) do seriado japonês de animação “Avenger” (Vingadora). Estúdio Beetrain/Xebec, 2003. Produção: Shinichi Ikeda, Kõji Morimoto e Tetsurõ Satomi. Direção: Koichi Mashimo. Música de Ali Project.
Elenco de dublagem:
Layla Ashley..................................Megumi Toyoguchi
Volk...............................................Hiroshi Yanika
Westa............................................Sumi Shimamoto
Nei.................................................Mika Kanai
Speedy...........................................Shinichito Yanaka
Garcia.............................................Katsuyuki Konishi


“O tempo flui em uma única direção, isto é certo.”
(da letra de “Gesshouku grand guignol”, tema de abertura)


Há mistérios neste episódio inicial de “Avenger”; sobretudo em torno da protagonista, Layla, uma lutadora que parece ser invencível. Ela derrota o campeão da cidade de Celina, bem como o desafiante forasteiro, Garcia (espécie de gladiador, da estirpe conhecida como “barbaroi”); mas é extraordinariamente depressiva e calada, parecendo carregar algum triste segredo, alguma tragédia passada. Como a contrabalançar esse efeito deprimente aparece Speedy, um consertador de bonecas, bem-humorado e observador. Vive consertando “dolls”, algumas das quais quebradas por Layla, que parece detestá-las apesar de serem programadas para paparicarem as pessoas a quem servem. A chegada de Garcia e seu desafio a Layla define uma situação. Garcia encontrou pelo caminho uma “doll” abandonada porém funcional, chamada Nei, e que parece diferente das comuns (menos artificial). Ela guia Garcia pela cidade. Porém, uma das regras dos combates é o da entrega de propriedades de perdedores para vencedores. Ao derrotar Garcia, Layla fica com Nei e a leva embora, como prêmio de sua vitória, embora até aqui ela tenha demonstrado ojeriza às “dolls”, e as duas se retiram da cidade contrariando aos que queriam a lutadora por lá como campeã local.
O que teria levado a civilização colonial de Marte a cair em tal declínio? E o que esconde o passado de Layla? Por que seria ela tão introspectiva e intratável? O episódio inicial é perpassado por forte sopro de melancolia e a sensação de tragédia.
NOTA: apesar da descrição acima, a violência gráfica contida neste episódio é muito contida, nada parecido com desenhos japoneses realmente violentos.

Rio de Janeiro, 21 de novembro de 2018.