O pão, o vinho e Marcelino
O PÃO, O VINHO E MARCELINO
Miguel Carqueija
JESUS: Sabe quem sou eu?”
MARCELINO: “Sei, sim. O senhor é Deus.”
Resenha do filme “Marcelino Pão e Vinho”. Espanha, Estúdio Chamartin, 1955. Título original: “Marcelino Pan y Vino”. Direção: Ladislao Vajda. História de José Maria Sanchez Silva, adaptada por ele e Ladislao Vajda. Assessores eclesiásticos: Dr. Antonio Garau e Pedro Esteban Ibañez, franciscano. Música: Pablo Sorozabal. Fotografia: Enrique Guerner. Chefe de produção: Vicente Sempere.
Elenco: Rafael Rivelles, Antonio Vico, Juan Calvo, Jose Marco Davo, Juan Jose Menendez, Adriano Dominguez, Mariano Azaña, Joaquin Roa, Isabel de Pomes, Carmen Carbonell, Carlota Bilbao, Jose maria Rodriguez, Jose Nieto, Fernando Rey e apresentando o menino Pablito Calvo, como Marcelino.
Guardo ainda na lembrança quando, ainda muito criança, fui ao cinema com minha família (pai, mãe, irmão) assistir “Marcelino Pão e Vinho”, foi um dos primeiros filmes que vi, precedido de alguns de Walt Disney. O cinema, provavelmente o Olinda, estava lotado.
Eu tive o álbum de figurinhas da Vecchi, não sei que fim levou. E a música-tema tocava nas rádios em várias versões.
“Marcelino Pão e Vinho” comoveu a cidade, o país. Mamãe amou. E eu, criança ainda, me apaixonei pela história do menino órfão criado num convento de pobres frades, doze ao todo, em algum vilarejo espanhol do século XIX. Do dia para a noite o ator-mirim Pablito Calvo ficou popularíssimo. Cheguei a vê-lo em dois outros filmes, mas sua carreira foi curta (como costuma acontecer com crianças estrelas).
A história é encantadora. De início, após o abandono do bebê na porta do convento, os frades buscam uma família para o órfão. Um ferreiro chega a aceitar a criança, mas o monge que o consultara volta atrás ao vê-lo maltratar o filho. Quando porém esse homem torna-se prefeito busca se vingar da desfeita. Não conseguindo o menino ordena o despejo dos frades, por não estar a posse do edifício do convento (que os religiosos construíram com as próprias mãos) regularizada, e lhes dá um mês para saírem.
Paralelamente ao drama ocorre o milagre — os colóquios de Marcelino com Jesus Cristo, que anima uma grande imagem de crucifixo esquecida no sótão do convento.
A interpretação de Pablito Calvo, particularmente nos secretos encontros de Marcelino com o Cristo, é de fato notável.
Muitos anos depois eu pude ler o romance original em que se baseou a produção e confesso que o livro me decepcionou; o filme é muito superior. Recebeu inclusive o grande prêmio no Festival Internacional de Cannes.
Rio de Janeiro, 28 de outubro de 2018.
O PÃO, O VINHO E MARCELINO
Miguel Carqueija
JESUS: Sabe quem sou eu?”
MARCELINO: “Sei, sim. O senhor é Deus.”
Resenha do filme “Marcelino Pão e Vinho”. Espanha, Estúdio Chamartin, 1955. Título original: “Marcelino Pan y Vino”. Direção: Ladislao Vajda. História de José Maria Sanchez Silva, adaptada por ele e Ladislao Vajda. Assessores eclesiásticos: Dr. Antonio Garau e Pedro Esteban Ibañez, franciscano. Música: Pablo Sorozabal. Fotografia: Enrique Guerner. Chefe de produção: Vicente Sempere.
Elenco: Rafael Rivelles, Antonio Vico, Juan Calvo, Jose Marco Davo, Juan Jose Menendez, Adriano Dominguez, Mariano Azaña, Joaquin Roa, Isabel de Pomes, Carmen Carbonell, Carlota Bilbao, Jose maria Rodriguez, Jose Nieto, Fernando Rey e apresentando o menino Pablito Calvo, como Marcelino.
Guardo ainda na lembrança quando, ainda muito criança, fui ao cinema com minha família (pai, mãe, irmão) assistir “Marcelino Pão e Vinho”, foi um dos primeiros filmes que vi, precedido de alguns de Walt Disney. O cinema, provavelmente o Olinda, estava lotado.
Eu tive o álbum de figurinhas da Vecchi, não sei que fim levou. E a música-tema tocava nas rádios em várias versões.
“Marcelino Pão e Vinho” comoveu a cidade, o país. Mamãe amou. E eu, criança ainda, me apaixonei pela história do menino órfão criado num convento de pobres frades, doze ao todo, em algum vilarejo espanhol do século XIX. Do dia para a noite o ator-mirim Pablito Calvo ficou popularíssimo. Cheguei a vê-lo em dois outros filmes, mas sua carreira foi curta (como costuma acontecer com crianças estrelas).
A história é encantadora. De início, após o abandono do bebê na porta do convento, os frades buscam uma família para o órfão. Um ferreiro chega a aceitar a criança, mas o monge que o consultara volta atrás ao vê-lo maltratar o filho. Quando porém esse homem torna-se prefeito busca se vingar da desfeita. Não conseguindo o menino ordena o despejo dos frades, por não estar a posse do edifício do convento (que os religiosos construíram com as próprias mãos) regularizada, e lhes dá um mês para saírem.
Paralelamente ao drama ocorre o milagre — os colóquios de Marcelino com Jesus Cristo, que anima uma grande imagem de crucifixo esquecida no sótão do convento.
A interpretação de Pablito Calvo, particularmente nos secretos encontros de Marcelino com o Cristo, é de fato notável.
Muitos anos depois eu pude ler o romance original em que se baseou a produção e confesso que o livro me decepcionou; o filme é muito superior. Recebeu inclusive o grande prêmio no Festival Internacional de Cannes.
Rio de Janeiro, 28 de outubro de 2018.