RED GARDEN episódio especial: as garotas mortas

RED GARDEN episódio especial: as garotas mortas
Miguel Carqueija

Já tendo completado a resenha de todos os episódios do seriado japonês de tv, a animação “Reddo Gaden” (Red Garden), ou seja o “Jardim Vermelho” — série de terror sobrenatural, drama e ação — abordo agora o OVA, ou seja o especial de televisão “Dead Girls”, isto é, “Garotas Mortas”, de 45 minutos realizado em 2007. É uma curiosa média-metragem que aborda o destino de Kate, Rose, Rachel e Claire, as quatro mortas-vivas, agora amigas para sempre apesar das diferenças de temperamento, e que são focalizadas num futuro de 300 anos após os terríveis acontecimentos do seriado, quando somente elas sobreviveram na batalha final entre as Animus e o clã Delore.
Neste futuro Nova Iorque é uma cidade fantástica, de carros voadores, prédios incomensuráveis, tecnologias holográficas adiantadíssimas, androides e outros detalhes insólitos. Uma cidade onde elas voltaram a estudar e estão para se formarem no grau médio, como antes nos tempos de Roosevelt Island. Onde aparentemente alguns personagens da série reencarnaram com aparências idênticas e às vezes até nomes idênticos, como Paula e Jéssica, estudantes de Roosevelt Island, agora em outro colégio onde o Grace (espécie de conselho de alunas inspetoras, que policiam as demais nos casos de infrações como faltas e atrasos) também existe, e onde aliás, Rose é sua presidente. Também Hervé e Lise parecem ter reencarnado como irmãos, agora com os nomes de Edgar e Louise, mas com o mesmo sobrenome de Lise. Lula aparece como vizinha das quatro garotas, apenas isso. Elas não reconhecem ninguém, pois perderam as memórias de suas vidas até os 17 anos e aliás continuam com 17 anos congelados, pois não crescem e não morrem e estão vivas há séculos. Tornaram-se vigilantes, atacando bandidos, precedidas de uma estranha canção composta por Kate. São uma lenda urbana, as “Dead Girls” dotadas de poderes que as tornam invencíveis, e dois policiais (que parecem reencarnados dos dois que atuam no seriado), ao verem Kate voando, reconhecem que “os rumores são verdadeiros”. Neste estranho e materialista mundo do futuro... existem meninas mortas agindo...



Resenha do episódio especial “Dead Girls” – do seriado japonês de animação “Red garden” (Jardim vermelho). Estúdio Gonzo, Japão, 2006-2007. Produção: Jin Ho Chung. Direção: Kou Matsua. Adaptação do mangá de Kirihito Ayamura. Roteiro: Mari Okada. Música: Akira Senju.

Elenco de dublagem:

Kate Ahsley.....................................Akira Tomisaka
Claire Forrest..................................Myiuki Sawashiro
Rachel Benning...............................Ryouko Shintani
Rose Sheedy...................................Ayumi Tsuji
Lise Harriette Meyer.......................Misato Fukuen
Lula Ferhlan.....................................Rie Tanaka
Hervé Dolore...................................Takehito Koyasu
Paula Sinclair...................................Megumi Kobayashi


“Esse é o lugar onde despertamos, onde choramos e choramos.”
(Claire Forrest)

“Sempre está presente em minha mente.”
(Kate Ahsley)

“Porém as razões pelas quais não crescemos ou morremos estão enterradas neste lugar.”
(Rose Sheedy)

“Quantos anos temos vivido? Alguns séculos.”
(Kate Ashley)

“Esses 17 anos perdidos podem ser muito perigosos para nós.”
(Claire Forrest)

“Continuaremos juntas, não importa onde estivermos.”
(Rachel Benning)


A história de quatro estudantes normais de 17 anos, colegas de classe mas sem foco entre si, e que se tornam inseparáveis, unidas pela tragédia e pelo sofrimento, e condenadas a viver para sempre, é insólita e comovente. Neste futuro Roosevelt Island é agora conhecida como Red Garden, pois após a batalha final entre Animus e Dolores a ilha foi tomada por uma floração vermelha misteriosa habitada por borboletas de espécie desconhecida. O local é desabitado e nele se ocultam as ruínas do antigo colégio. As garotas mortas, tendo nos últimos anos retornado a N.I., resolvem investigar numa tentativa de esclarecer o que aconteceu com elas no distante passado. Naquele tempo lutaram com monstros humanos, homens que, atingidos por maldição, tornavam-se feras de paletó, atacando como cães raivosos, mas com olhos brilhantes. Desta vez, ao voltarem a Roosevelt Island (e agora elas se locomovem em pranchas voadoras com forma de borboleta) elas são atacadas por mechas. Mas com os poderes que possuem, e que desenvolveram como mortas-vivas, elas conseguem enfrentar até mechas (para quem não sabe, mechas são gigantescos robôs de combate, muito comuns em alguns desenhos japoneses).
Não consegui entender de todo o enredo, qual o papel da dupla de irmãos, Louise e Edgar (equivalentes a Lise e Hervé), porque queriam matar as garotas, ou se eram de fato irmãos, o que é questionável pelo que acontece na história. As quatro não conseguem encontrar pistas do passado, nem se explica a existência dos mechas. Apenas decidem ir embora de Nova Iorque após a formatura, já que, se ficarem muito tempo no mesmo lugar, o fato de não envelhecerem acabará por chamar atenção. Também não se explica de que elas vivem (até mortas-vivas precisam ganhar dinheiro para viver em sociedade). O especial deixa no ar muitas incógnitas e a sensação de que as personagens deveriam ainda aparecer em outra série ou outros especiais, para que o seu destino ficasse mais esclarecido.

Rio de Janeiro, 25 de outubro de 2018.