Chaplin e Carmen

CHAPLIN E CARMEN
Miguel Carqueija

Resenha do filme curto “A burlesque on Carmen” (ou simplesmente “Carmen” na capa do DVD brasileiro) – Essanay, EUA, 1915. Produção: Jess Robbins. Direção: Charles Chaplin e Leo White. Roteiro: Charles Chaplin. Com Charles Chaplin, Edna Purviance, Jack Handerson, Leo White, John Rand. Com base na novela de Prosper Merimée e na ópera de Georges Bizet.

Como o título original indica, trata-se de uma versão cômica da célebre história da cigana espanhola Carmen e da maneira como seduz e corrompe o oficial de polícia Dom José (aqui com o nome mudado para Hosiery). Chaplin faz o oficial, que deve impedir a passagem de contrabando por uma porta. Os contrabandistas encarregam Carmen de seduzi-lo com seu charme. Depois que se compromete com o crime, o policial é abandonado por Carmen, que prefere o toureiro. A situação caminha para o trágico final. Porém, aqui nada é sério e os cadáveres se levantam no desfecho, para mostrar que tudo é brincadeira. Aliás esse filme de duração média (31 minutos) é atípico na obra chapliniana, pois o ator-cineasta não costumava se basear em obras literárias.
Descobri que existe uma versão estendida dessa obra, com mais de 40 minutos, mas equivale a outro título. Além disso há uma versão editada em 1951, com Peter Sellers narrando. Mas são versões que eu não assisti. Desta, posso dizer que a graça é muito pouca em comparação com outros títulos de Chaplin. Foi especialmente engraçada a cena em que Hosiery tropeça numa pedra e se queixa dela aos seus soldados; eles simplesmente “fuzilam” a pedra, o que obviamente não resolve nada; tanto que o oficial depois torna a tropeçar nela. Há muitas outras “gags” mas não funcionam muito a contento (lembremos que se trata do início da carreira do cineasta). A briga do protagonista com outro policial pode ser cômica mas demora muito e acaba se tornando cansativa. Edna Purviance, no papel da cigana, faz bem sua parte e era realmente uma atriz charmosa.

Rio de Janeiro, 16 de agosto de 2018.